Do silêncio o abismo, procissão de lembranças: a arquitetura do feminino em "Torto Arado", de Itamar Vieira Júnior.
Itamar Vieira Junior. Torto Arado. Corpo Feminino negro. Memória.
A presente pesquisa realiza um estudo analítico-literário do romance brasileiro contemporâneo "Torto Arado" (2019), de Itamar Vieira Junior, tomando como tronco a teoria de Antonio Candido (2006), sobre a concepção de que a relação entre literatura e sociedade contribui para a economia geral do texto. As análises percorrem, por meio do discurso memorialístico orquestrado por três vozes femininas, a representação do corpo negro feminino em vias de subalternização, traduzindo a memória como fio condutor na estrutura formal e de conteúdo do romance. Nos domínios referentes ao Feminino e a Memória, percebemos, em "Torto Arado", o corpo como elemento central do romance, especialmente pela conexão estabelecida entre a memória, a terra e o ato de narrar. Nesse viés, o feminino está organizado no texto mediante elementos simbólicos e físicos que solidificam a sua presença no desenvolvimento da narrativa. Isto posto, para o diagnóstico das relações estabelecidas entre a representação do corpo feminino e suas implicações, utilizamos, como aporte teórico, as teorias de Ricoeur (2007), Bourdieu (2020), Le Breton (2016) e Zumthor (2007), primordialmente.