O FEMININO COMO ESTRATÉGIA NARRATIVA NOS ROMANCES DE JOSÉ SARAMAGO (CAIM) E RICARDO GUILHERME DICKE (DEUS DE CAIM).
O feminino no romance contemporâneo. José Saramago. Ricardo Guilherme Dicke. Estratégias narrativas.
RESUMO: Esta tese investiga o feminino como estratégia narrativa nos romances contemporâneos de José Saramago (Portugal) e Ricardo Guilherme Dicke (Brasil), tomando como corpus principal Caim e Deus de Caim, respectivamente. Trata-se de um estudo que se inscreve no âmbito dos Estudos Comparados de Literatura, na medida em que estabelece semelhanças e diferenças entre os textos literários, de países de língua oficial portuguesa. A pesquisa partiu das abordagens do debate teórico feminista e das questões sobre autoria e gênero do feminino, como campo singular das fronteiras de discussões acerca das subjetividades e trajetórias. O espaço negado, as estratégias de resistência e resiliência compõem o mosaico de experiências femininas nos romances. O alicerce principal de amparo para a tese baseia-se em Hollanda (1994), Butler (2018), Beauvoir (2003), Perrot (1998; 2005; 2006), Hooks (2019) e Kristeva (1970). Para que se pudesse analisar o corpus, houve a necessidade de uma análise sobre outras produções dos autores (romances), nomeadamente: Levantado do Chão (1980), Memorial do Convento (1982), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), Ensaio sobre a Cegueira (1995) Claraboia (2011) e, finalmente, Caim (2009), do escritor português José Saramago, bem como dos romances: Caeira (1978), O Último Horizonte (1988), Madona de páramos (1981), Rio abaixo dos vaqueiros (2001), Os Semelhantes (2011) e, para concluir, Deus de Caim (1968), do brasileiro Ricardo Guilherme Dicke. Esses autores contemporâneos inscrevem-se na problemática da mulher em processo de transformação, em que se verificam as mudanças vividas no plano literário - o do atual em confronto com o tradicional - e no plano ético-existencial.