TRAJETÓRIA E BEM-VIVER DO POVO YUDJÁ-TERRITÓRIO INDÍGENA DO XINGU, MATO GROSSO, BRASIL.
Yudjá; Bem Viver; Ayahuasca; Xingu.
A presente pesquisa insere-se no campo das ciências ambientais com perfil
etnográfico, e tem como objeto de estudo o grupo populacional pertencente à
etnia Yudjá (Juruna) que hoje habita o Parque Indígena do Xingu, no Estado de
Mato Grosso – Brasil. O trabalho tem por objetivo estudar a trajetória deste
grupo que, em sucessivas migrações após os primeiros contatos com a
sociedade nacional desde os tempos do Brasil colônia instalou-se no território
de atual ocupação, no médio Xingu e com isto verificar quais os fatores
dinâmicos envolvidos nesta trajetória, bem como a resiliência demonstrada por
este povo. Este estudo objetiva também avaliar o modo de viver dos Yudjá
pertencentes a este grupo e se, dentre sua característica forma de ser e de
viver, podemos identificar aspectos relacionados ao emergente conceito de
Bem Viver. Buscando identificar parâmetros mais objetivos para tal, realizamos
uma busca na literatura sobre Bem Viver e povos indígenas do Brasil através
de ferramenta denominada cienciometria, utilizando os strings de busca ―Bem
Viver‖ e ―Povos Indígenas‖ nas principais bases de dados acadêmicos, que
resultou na seleção de 24 trabalhos, em cujo bojo identificamos elementos do
Viver Bem. Com a descrição de tais elementos do Bem Viver encontrados entre
os Yudjá, objetiva-se contribuir para o fortalecimento deste povo através da
valorização de sua forma de viver e ainda, fornecer dados que possam servir
também à sociedade como um todo, no delicado período de enfrentamento à
crise civilizacional em que nos encontramos. Os dados referentes à trajetória
foram pesquisados na literatura e também através de relatos diretos dos Yudjá
contemporâneos. A coleta de dados para este objetivo, bem como para o
escopo do trabalho como um todo se deu através de observação participante e
registro em diários de campo, colhidos ao longo de nove anos de trabalho
como médico voluntário através do Departamento Médico e Científico e
Departamento de Beneficência da UDV, médico supervisor do Projeto Mais
Médicos para o Brasil e docente do Curso de Medicina da Universidade
Federal de Mato Grosso – Campus Sinop. Os resultados que obtivemos nos
permitem considerar que o povo Yudjá hoje residente nos limites do Parque
Indígena do Xingu dá testemunho de destacada resiliência que, ao longo de
anos de vicissitudes, ameaças e luta por perseverar, moldaram sua forma de
ser e de viver, sendo hoje possível verificar entre eles elementos do que se
denomina Bem Viver. Os dados obtidos nos permitem antever que o povo
Yudjá tem com o que contribuir com seu estilo de vida para nossa sociedade,
ensinando com sua forma simples, resiliente e integrada a seu meio, uma
maneira de bem viver.