“Dieta de Brycon hilarii e seu papel na conservação das florestas inundáveis em uma Unidade de Conservação”
Peraputanga, Influência de habitats, Cevas, Ictiocoria, Ciclo
hidrológico.
Estudos relacionados a dieta de peixes contribuem para o conhecimento da biologia
das espécies, além de auxiliarem na investigação da ecologia trófica, competição e
predação dos peixes. No Pantanal, há indícios de antropização nos ambientes, que
afetam principalmente as populações ícticas, dentre os quais as cevas em ambientes
naturais que podem causar exagerado ganho calórico, sendo prejudicial para a saúde
dos peixes. O objetivo deste trabalho, dividido em 2 capítulos, foi analisar a dieta de
Brycon hilarii (Valenciennes, 1850), durante os quatro períodos hidrológicos,
verificando as relações ecológicas dos espécimes coletados nos trechos de Rio
Paraguai/Porto Estrela, Rio Sepotuba e Estação Ecológica de Taiamã (EET). Foi
amostrado um total de 558 exemplares em campanhas mensais, durante os quatro
períodos do ciclo hidrológico no ano de 2013 a 2015 para o artigo 1 e no ano de 2019
a 2020 para o artigo 2. Os exemplares foram capturados com varas de bamboo, anzol,
linha de diferentes medidas e iscas naturais. Em seguida, acondicionados em caixas
térmicas e encaminhados para o laboratório, onde foram aferidos os dados
biométricos e retirados os estômagos para as análises. Os resultados do primeiro
artigo, evidenciam que Erythrina fusca Lour. (abobreiro), é o principal item alimentar
da dieta de B. hilarii. Durante a enchente foi observado um IAi de 95% e na cheia 60%.
Além disso, B. hilarii mostrou ser especialista em se alimentar de E. fusca durante a
enchente, sendo generalista durante os períodos de cheia, vazante e estiagem. No
segundo artigo, os resultados mostram que a dieta de B. hilarii é a base de milho e
soja, nos trechos de rio Paraguai/Porto Estrela e rio Sepotuba, já na EET, a dieta
consiste em insetos, material dissolvido e restos vegetais. Assim, concluímos que os
períodos hidrológicos propiciam uma diversificação acentuada na oferta de itens
alimentares. Porém, devido a monodominância de E. fusca na EET, houve uma maior
disponibilidade deste item em sua dieta. No segundo artigo, B. hilarii pode-se concluir
que B. hilarii se mostra como especialista-oportunista, o que significa que, na
presença de ceva, tem preferência por este item, o que ocasiona uma desestruturação
em sua relação trófica.