Banca de DEFESA: Maria Madalena da Silva Dias

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Maria Madalena da Silva Dias
DATA : 30/06/2025
HORA: 08:00
LOCAL: Banca remota- via google meet
TÍTULO:

DA ORALIDADE DO VERBO: A POTÊNCIA ENUNCIATIVO-CULTURAL DO ASSENTAMENTO ANTÔNIO CONSELHEIRO


PALAVRAS-CHAVES:

Assentamento Antônio Conselheiro; Narrativas Orais; Memória; Resistência; Narratividade.



PÁGINAS: 433
RESUMO:

A presente tese tem como objetivo investigar a força narrativa das vozes que compõem a história do Assentamento Antônio Conselheiro, localizado no estado de Mato Grosso. A pesquisa valoriza a oralidade como fonte legítima de conhecimento, bem como expressão da memória, da cultura e da identidade dos trabalhadores rurais assentados. A partir de uma metodologia etnográfica, com ênfase na escuta sensível e na observação dos moradores, foram realizadas 46 entrevistas com sujeitos que participaram dos processos de luta pela terra. O corpus principal da tese é composto por 30 narrativas, resultantes da transcrição das entrevistas gravadas em áudio e vídeo nos anos de 2021 e 2022. Essas transcrições foram realizadas com atenção aos elementos não verbais respeitando, assim, a materialidade da oralidade. A tese estrutura-se em três capítulos articulados entre si: o primeiro discute os percursos migratórios dos assentados, suas motivações e vivências na luta pela terra, cruzando suas trajetórias com personagens literários do sertão, como Fabiano e Riobaldo, a fim de pensar o assentamento como um novo sertão, construído pela resistência; o segundo capítulo, por sua vez, analisa a figura do narrador oral e a potência performativa das falas. Nesse sentido, os assentados deixam de ocupar um lugar de silêncio e subalternidade para tornarem-se protagonistas de suas próprias histórias, revelando, por meio da palavra, uma força coletiva de pertencimento, resistência e afirmação. A performance da linguagem é compreendida como parte essencial da narrativa, contribuindo para a constituição de uma identidade cultural compartilhada. Por fim, o terceiro capítulo explora narrativas sobre o antigo casarão do Marechal, marcadas por elementos sobrenaturais, fantasmas e memórias da escravidão. Tais histórias, transmitidas oralmente ao longo das gerações, constroem um espaço simbólico de memória coletiva e revelam como o imaginário popular reelabora o passado. A figura de Cândido Rondon, por exemplo, emerge como um personagem histórico que transita entre o documental e o oral. A metodologia da pesquisa assume um compromisso ético com os sujeitos envolvidos. Longe de buscar uma suposta neutralidade científica, a pesquisa reconhece que todo ato investigativo é também um ato de posicionamento político e de engajamento. Dessa forma, os dados foram colhidos mediante consentimento informado, garantindo o sigilo e o respeito à identidade dos narradores. Os nomes utilizados são fictícios, e as entrevistas foram registradas com cuidado estético e técnico, com vistas à construção de um arquivo histórico que preserve a autenticidade da experiência oral. Esta tese está fundamentada em uma sólida base teórica, que articula autores como Paul Zumthor e Frederico Fernandes, os quais embasam a compreensão da performance narrativa; João Pedro Stédile e Carlos Rodrigues Brandão, cujos trabalhos contribuem para o entendimento da complexidade da reforma agrária no Brasil e da atuação do MST; e Maurice Halbwachs e Paul Ricoeur, que sustentam a análise da memória coletiva e da densidade do discurso memorialístico. Além desses, Walter Benjamin e Oscar Tacca fundamentam a reflexão sobre o papel do narrador. Somam-se a esses outros autores cujas reflexões subsidiam a leitura crítica das narrativas orais no Assentamento Antônio Conselheiro. Importa destacar que esta é a primeira tese do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da UNEMAT a abordar a potência narrativa oral do Assentamento Antônio Conselheiro. Ao dar centralidade à oralidade, a pesquisa propõe uma leitura crítica e sensível das vozes silenciadas pela história dominante, reconhecendo-as como narradoras de um Brasil profundo e resistente. Assim, por meio da(s) voz(es) dos narradores, a tese afirma a existência de um saber ancestral e popular que resiste ao apagamento.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 46475010 - AGNALDO RODRIGUES DA SILVA
Interno - 131915001 - ALEXANDRE MARIOTTO BOTTON
Externo ao Programa - 104796100 - EVALDO FERREIRA
Externo à Instituição - FREDERICO AUGUSTO GARCIA FERNANDES - UEL
Externo ao Programa - 83269001 - LAUDEMIR LUIZ ZART
Presidente - 82424001 - WALNICE APARECIDA MATOS VILALVA
Notícia cadastrada em: 27/06/2025 14:51
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