CENAS EM CANÇÕES: IMAGÉTICA CINEMÁTICA NAS LETRAS DE CHICO BUARQUE DE HOLLANDA
Imagética cinemática. Cinema. Letras de canções. Chico Buarque.
Buscamos nesta tese o entendimento da imagem pela imagética cinemática, percebendo-a nas letras das canções do compositor brasileiro Chico Buarque de Hollanda. A condição natural e histórica que propiciou a leitura de mundo e da própria arte pela imagem abre um leque de grandes possibilidades interpretativas e críticas, uma delas está na leitura de letras de canções e suas relações com a cultura da narrativa fílmica. Esta pesquisa utiliza a expressão imagética cinemática com o intuito de explicitar que as análises estão voltadas para a percepção de cenas de cinema na poesia manifestada nas letras das canções do artista. Em A philosophy of cinematic art, o filósofo britânico Berys Gaut esclarece que a filosofia do filme se mostra como parte consolidada da estética, abarcando um grupo bem definido de questões, as quais são de grande importância para a conceituação do cinema como narração cinemática. Então, o que é a imagética cinemática e como se dá a leitura de textos com olhos cinematográficos? Como a imagética cinemática pode estar presente nas leituras das letras de Chico Buarque? São questionamentos respondidos no texto como um todo, alicerçando o conhecimento para um eficaz exercício analítico. Sob o foco da percepção imagética, o trabalho Cinema 1: a imagem-movimento, Gilles Deleuze elabora uma visão sobre a imagem-movimento, que se caracteriza por ser a imagem organizada segundo a lógica do esquema sensorial motor. Pierre Bourdieu, em A distinção: crítica social do julgamento, define a capacidade imagética como competência para ver e perceber a obra de arte, que só adquire sentido e interesse para quem é dotado do código segundo o qual ela é codificada. A semiótica nos oportunizou Christian Metz e seu O significante imaginário: psicanálise e cinema, onde expõe a riqueza semântica da linguagem cinematográfica, seu alto grau de autonomia relativa em comparação ao verbal e sua incontestável capacidade de veicular informações. O texto da tese está organizado em três seções. Primeiramente, nas seções 1 e 2, foram tecidas considerações teóricas sobre imagem, poesia, imaginação e imagética cinemática: estudo preliminar para uma leitura minuciosa e rigorosamente executada. Finalizando, foram analisadas as letras de “Olhos nos olhos”, “Construção”, “Atrás da porta”, “Pivete”, “O meu guri” e “Não sonho mais”, dentre as tantas canções buarqueanas com possibilidades e conteúdos substanciais para o corpus da tese.