HISTÓRIAS DE LEITURA DE MULHERES EM SITUAÇÃO CARCERÁRIA
histórias de leitura, conhecimento, leituras, alunas, privação de liberdade
Trata-se de pesquisa que investiga as práticas de leitura de mulheres – alunas da Escola da Penitenciária Ana Maria do Couto May- MT, portanto, em meio às adversidades. O estudo nos impele a refletir sobre as histórias de leitura rememoradas pelas alunas participantes da pesquisa, no tempo presente, para, assim, compreender suas histórias, sentidos e significados que, em contexto de crise – estão cumprindo pena –, as alunas daquela instituição dão às leituras ali realizadas. Nesse quadro, nos valemos de abordagens metodológicas que coadunam com o estudo, em especial, a abordagem qualitativa do tipo etnográfico, proposta por Michèle Petit, ligada à antropologia da construção do sentido – inerente ao exercício da leitura. Com o intuito de responder à proposta da coleta de dados, lançamos mão da História Oral como “método”, a qual é “usada como a solução mais acabada de prática científica, valorizando as entrevistas, com atenção essencial aos estudos, centralizando-os como ponto central, privilegiado, básico das análises” das alunas ora socialmente em confronto com a lei (Meihy e Holanda, 2020), assim como buscamos subsídio em autores que reconhecem a leitura como uma prática cultural e social ligada à história dos leitores. Nesse universo, pudemos observar que as alunas entrevistadas leem, para além do conhecimento almejado por elas, em busca de novos sentidos e significados por meio de apropriações singulares dos livros por elas lidos, o que, em tempos difíceis, conforme Peti (2009), pode contribuir para a reconstrução de si, adquirindo forças para “costurar a tristeza” e resistir à diversidade.