A EXPERIÊNCIA TRÁGICA DA CRUELDADE NO TEATRO DE PLÍNIO MARCOS
Tragédia moderna. Efeito Trágico. Plínio Marcos.
A presente tese tem como corpus de estudo e análise as peças “Quando as máquinas param”, “O abajur lilás”, “Dois Perdidos numa noite suja” e “Querô: uma reportagem maldita”, de Plínio Marcos de Barros. Tais peças são definidas como uma tragédia moderna, segundo as compreensões de Raymond Williams (2002), ao tecer sua teoria sobre a existência de uma tragédia moderna, considerando a estrutura das tragédias gregas e shakespeareanas e a experiência do ser humano, segunda as regras de conduta e comportamento da sociedade após o século XX. Portanto, a pergunta norteadora desta pesquisa consiste em: o que tornam as peças acima citadas uma tragédia? O que há de forma e conteúdo que as caracterizam como uma tragédia? Por fim, o que há de inovador nas tragédias de Plínio Marcos? No decorrer das discussões, cita-se como forma a presença de um coro, a existência do efeito trágico, a destruição do herói/ protagonista, a ação irreparável, a ênfase sobre o mal. Como conteúdo, há a experiência do ser humano sendo exposta até o limite da sua degradação, seja por meio da morte do corpo físico ou da morte metafórica, considerando a transformação do protagonista, em razão da sua perda de perspectiva frente a vida ou das impossibilidades de ter uma vida digna de ser vivida isenta da violência e da exploração imposta pelas instituições que ocupam o lugar das infraestruturas do poder e do capitalismo. Considerando as análises feita, concluiu-se ser tragédia um conceito em disputa, a fim de determinar quais as experiências são dignas de uma tragédia. Isso porque para Bradley (2010) não é possível ser uma tragédia se esta não for sobre a vida de um ser humano de alta estirpe. De encontra ao que pensou o autor, Williams (2002) questiona as razões que definem a morte de um rei ser uma tragédia, enquanto a de um homem comum ser um mero incidente. Para isso, alguns autores são fundamentais a fim de compor o repertório teórico deste trabalho de pesquisa, cita-se alguns: Aristóteles (2008); Albin Lesky (2015); Adrew C. Bradley (2010); Raymond Williams (2002).