DO ÍNTIMO AO PROCLAMADO, O MANIFESTO AUTOESCRITURAL DE PEDRO CASALDÁLIGA EM CREIO NA JUSTIÇA E NA ESPERANÇA
Literatura Mato-grossense, Casaldáliga; Autobiografia, Diário, Autoescrita
O estudo que ora se apresenta debruça-se sobre a obra Creio na Justiça e na Esperança (1978) de autoria de Pedro Casaldáliga e investiga a presença de elementos que possam estabelecer diálogos com os gêneros literatura de testemunho, autobiografia, autoficção e diário, os quais englobam o universo das escritas de si. Amparados pelos estudos de Seligmann-Silva (2003) (2005), Philippe Lejeune (2008) (2013), Faedrich (2014), Figueiredo (2022) e Noronha (2016) buscamos delinear sobre qual dos gêneros citados se apoia a obra de Casaldáliga, cuja estrutura formal se apresenta diferenciada. Nossa hipótese de que a obra trata-se de um hibridismo textual foi comprovada ao constatarmos a presença do testemunho em uma autobiografia que é pincelada por excertos de diário, constituindo-se em uma narrativa de intrigante leitura. Quanto à autoficção consideramos que o pacto de leitura a que ela obedece (ambiguidade) não coaduna com o contexto de escrita do autor. As observações também nos evidenciaram que a prosa casaldaliana contribui para a ressemantização de produções literárias que emergem fora dos moldes canônicos.