Banca de DEFESA: Mara Maria Dutra

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Mara Maria Dutra
DATA : 29/03/2025
HORA: 14:00
LOCAL: Modo virtual
TÍTULO:

AGRAVOS SOCIOAMBIENTAIS AO POVO INDÍGENA APYÃWA (TAPIRAPÉ) DA AMAZÔNIA BRASILEIRA E
REVITALIZAÇÃO NO CONTEXTO DA EXPANSÃO CAPITALISTA


PALAVRAS-CHAVES:

Amazônia; alterações; cultura indígena; território.


PÁGINAS: 181
RESUMO:


A história de luta pela sobrevivência dos povos indígenas integra a pauta dos movimentos de resistência, que têm se tornado cada vez mais ativos nos dias que correm, diante das pressões externas do capitalismo e das demandas internas relacionadas à saúde, educação, reprodução sociocultural e questões territoriais, dentre outras. O aniquilamento e o extermínio promovidos pela lógica do desenvolvimento integracionista na Amazônia Legal deixaram profundas cicatrizes na natureza e na memória do povo indígena Tapirapé, que se autodenomina Apyãwa. O objetivo central desta tese foi analisar como o avanço capitalista das frentes agrícola, urbana e industrial afetou o modo de vida tradicional do povo indígena Apyãwa (Tapirapé) da Terra Indígena Urubu Branco, localizada no estado de Mato Grosso, região Centro-Oeste do Brasil. Para tanto, o estudo foi estruturado em quatro momentos, apresentados em forma de artigos, com abordagem qualitativa. O primeiro deles, fundamentado em uma ampla revisão bibliográfica de materiais de referência histórica, descreve a trajetória socioterritorial do povo Apyãwa a partir do século XVI. Analisa a relação estabelecida nos primeiros contatos com a sociedade não indígena e o consequente declínio populacional ocorrido em meados do século XX. Os resultados indicam que teriam migrado da costa brasileira no século XVI e, após diversos deslocamentos, já habitavam as imediações da Serra do Urubu Branco, localizada na região nordeste de Mato Grosso. Por volta do ano de 1900, sua população era estimada em 1.500 indivíduos. Contudo, após os primeiros contatos com não indígenas (a partir de 1910), esse número foi drasticamente reduzido, chegando a apenas 47 pessoas, no ano de 1952. O processo de revitalização populacional, sociocultural e territorial é tema do segundo artigo, que retrata a influência e a participação das irmãs religiosas da Congregação Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus junto ao povo indígena Apyãwa. Em 1952, as religiosas passaram a viver na aldeia junto a eles e lá permaneceram por 65 anos. O levantamento histórico e as entrevistas com 27 indígenas indicaram que sua presença foi crucial à sobrevivência dos indígenas. Elas promoveram cuidados com a saúde, mantiveram a coesão e território, iniciando a luta pelos direitos indígenas, além de fomentar uma convivência fraterna. A terceira seção perpassa pelo processo de des-re-territorialização do povo Tapirapé, que foi forçado a abandonar seu território ancestral em 1947. Após sucessivos  deslocamentos e aldeamentos, os Apyãwa iniciaram um movimento coletivo de luta e resistência, que culminou com a retomada de seu território ancestral em 1993; no entanto, encontraram-no altamente degradado em virtude dos impactos ambientais causados pelos grandes fazendeiros. Por fim, o quarto artigo explora as principais alterações no modo de vida do povo Apyãwa a partir da retomada de seu território ancestral. Em particular, são analisadas as alterações ocorridas desde 1993 e como está seu modus vivendi nos dias de hoje. O uso e a ocupação do território por empresas agropecuárias provocaram um grande desmatamento, que os forçou a alterar seu modo de vida tradicional. As percepções dos indígenas entrevistados revelam a necessidade de remodelar seu espaço vital, adaptando o ambiente, seu sistema social e vida econômica e as práticas cerimoniais e rituais. Como resultados gerais, a tese conclui que, embora desterritorializados, à beira da extinção, sobreviveram e se multiplicaram e resistem até hoje. Por meio de um movimento de luta e resistência, reconquistaram seu território ancestral e, coletivamente, buscam estratégias alternativas para preservar a sustentabilidade de seu modo de vida tradicional, social, cultural e espiritual. Essa trajetória nos ensina uma lição valiosa sobre resiliência e a importância da autodeterminação dos povos indígenas.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 83260001 - AUMERI CARLOS BAMPI
Interno - 484.339.349-53 - ALMIR ARANTES - UNISC
Externo ao Programa - 38925002 - ALCEU ZOIA
Externo à Instituição - CARLOS ALBERTO FRANCO DA SILVA - UFF
Externo à Instituição - HEITOR QUEIROZ DE MEDEIROS -
Externo à Instituição - MARISA REGINA KOHLER - SEDUC
Notícia cadastrada em: 14/03/2025 15:53
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