RELAÇOES ENTRE ISÓTOPOS ESTÁVEIS DE δ13C E δ15N E CONCENTRAÇÃO DE MERCÚRIO TOTAL EM MUDANÇAS DE NICHOS NO ALTO CURSO DO RIO PARAGUAI, MATO GROSSO, BRASIL.
Didelphimorphia, Rodentia, Biomagnificação, Teiús
O estado de Mato Grosso abriga os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, apresentando uma vasta diversidade de espécies de peixes, répteis e mamíferos. Contudo, nas últimas décadas, a diversidade biológica tem sido erodida pela intensificação da antropização que se acentuou a partir da década de 1980, com a expansão das fronteiras agrícolas promovendo o desmatamento, especialmente no alto curso do rio Paraguai. A alteração no uso e cobertura do solo é uma das forças que impulsionam a transformação, redução e perda de habitats. A conectividade ecológica e as mudanças alteram as qualidades dos recursos alimentares e habitats para peixes, lagartos e mamíferos. O ambiente antropizado causa o deslocamento das espécies, o que muda as dinâmicas ecológicas, as relações tróficas e os fluxos de energia nos ecossistemas, além de influenciar diretamente a dieta e a bioacumulação de mercúrio. Para entender dietas a longo prazo utilizamos análises isotópicas que revelam a posição trófica, preferências de habitat e padrões de bioacamulação de mercúrio. É crucial compreender como a modificação do habitat e a fragmentação influenciam o fluxo de mercúrio dos ecossistemas pois alterações nas paisagens levam a mudanças nas dietas, na bioacumulação, e na detoxificação do mercúrio. A distribuição e acúmulo de mercúrio impactam na diversidade da vida selvagem que enfrenta um ambiente de mudanças climáticas e novos usos e cobertura do solo. Para investigar essas mudanças e seus impactos, utilizamos análises de imagens de satélite e medições de teor total de mercúrio e isótopos estáveis de carbono (δ13C) e nitrogênio (δ15N). Os isótopos estáveis, incluindo δ13C e δ15N, são fundamentais para compreender as dinâmicas ecológicas, as relações tróficas e as variações nos padrões alimentares, oferecendo insights valiosos sobre os nichos ecológicos dos organismos. Entender como o mercúrio é absorvido e distribuído através das cadeias alimentares é fundamental para interpretar os impactos da antropização e a mobilização do THg que apresenta um padrão de acumulo de montante a jusante no trecho do alto curso do Rio Paraguai, com maior bioacumulação na Estação Ecológica de Taiamã. Esses marcadores oferecem uma visão integrada sobre os uso e cobertura do solo do habitat e dos padrões de forrageamento e a bioacumulação, possibilitando os rastreios das fontes de mercúrio no ambiente.