PALAVRAS SAGRADAS: A LÍNGUA IORUBÁ COMO SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA AFRO-BRASILEIRA
Contato Linguístico; Candomblé; Redes Sociais; Manutenção.
Esta dissertação está vinculada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Linguística da UNEMAT, na área de Estudos de Processos Linguísticos, na linha de pesquisa “Estudo de Processos de Variação e Mudança e de Descrição, Análise e Documentação de Línguas Indígenas”. Investiga o contato linguístico entre o iorubá e o português no contexto das redes sociais, com foco na interação de adeptos do candomblé em comunidades virtuais. Fundamentada na Sociolinguística de Contato, a pesquisa analisa os fenômenos linguísticos resultantes dessa interação, como empréstimos lexicais, alternância de códigos e processos de hibridização. A investigação tem como objetivo principal documentar e descrever o uso do iorubá e do português nas redes sociais, examinando como essas línguas são utilizadas em discursos religiosos e na afirmação da identidade afro-brasileira. Para isso, analisamos comentários e postagens de grupos e páginas voltadas para a cultura afro-religiosa, observando a dinâmica de adaptação e manutenção do iorubá no meio digital. A metodologia adotada é qualitativa e documental, com análise de materiais disponíveis publicamente, sem interação direta com os participantes. O corpus é composto por comentários que evidenciem a coexistência das duas línguas, permitindo identificar estratégias de preservação e adaptação do iorubá. A pesquisa está ancorada em estudos da Linguística Africana e teorias do contato linguístico, como as de Savedra (2023) e Thomason (2001), que auxiliam na compreensão dos processos de transmissão e manutenção de línguas em contextos minoritários. Os resultados esperados incluem a identificação de padrões linguísticos específicos da interação entre o iorubá e o português, além de reflexões sobre o papel das redes sociais na preservação do repertório linguístico afro-brasileiro. As hipóteses apontam que essa interação resulta em uma forma única de hibridização linguística, na qual o iorubá funciona como marcador identitário e religioso. O estudo contribui para a valorização da diversidade linguística no Brasil e questiona a ideologia monolíngue predominante, reforçando a importância do multilinguismo e da resistência cultural afro-brasileira.