DAS LADAINHAS AOS CÂNTICOS: UM ESTUDO SOBRE USOS LINGUÍSTICOS, CRENÇAS E ATITUDES LINGUÍSTICAS DE REZADEIRAS EM CÁCERES – MT
Usos linguísticos. Ladainhas. Consciência Sociolinguística. Identidade. Identidade Cultural.
Esta Pesquisa está vinculada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Linguística da UNEMAT, na área de Estudos de Processos Linguísticos, na linha de pesquisa “Estudo de Processos de Variação e Mudança”. O objetivo principal é registrar e analisar os usos linguísticos presentes na comunidade de fala de 04 (quatro) rezadeiras que celebram rezas para os Santos Padroeiros na cidade de Cáceres-Mt. Buscou-se aqui descrever os usos linguísticos de 04 (quatro) rezadeiras e as crenças e atitudes de 20 (vinte) devotos que acompanham as rezas nos bairros de Cáceres-MT. Para tanto, foram descritos recortes de transcrições das entrevistas com as rezadeiras e analisados os aspectos linguísticos e extralinguísticos dessas comunidades de fala, com ênfase no uso do verbo IR, na primeira pessoa: “Eu foi”, no lugar de “Eu fui”, e “Eu vou í”, no lugar de “Eu vou”. Ainda, a partir das respostas de um questionário entregue aos devotos, com perguntas abertas e fechadas, e, conforme os resultados dos gráficos, refletiu-se as percepções dos devotos sobre a tradição e o papel das rezadeiras em consonância com os pressupostos teóricos da Sociolinguística; nos estudos labovianos de variação e mudança linguística (Labov, 1972); nas crenças e atitudes de Lambert & Lambert (1972); e outros autores como Tarallo (1997); (Meillet, 1960; Fishman, 1970; Calvet, 2002, 2004); Souza Santos (1989); López Morales (1993); Bagno (2002, 2007); Moreno Fernandez; Giles et al; Hall (2006); Faraco (2005, 2008); Bauman (2005, 2008) etc. Nessa imersão, foram correlacionados alguns conceitos sobre consciência (socio)linguística e identidade cultural, e os estudos apontaram que mesmo existindo na sociedade uma convenção linguística, formalmente aceita na escrita e na fala, há uma interdependência entre língua, cultura e identidade, de modo que os usos linguísticos praticados pelas rezadeiras não interferem ou influenciam naquilo que elas representam para a comunidade. As evidências indicaram que não há estigmatizações ou preconceitos, por serem consideradas mulheres de fé, patrimônio cultural da cidade; e, o padrão cacerense de falar revela uma identidade cultural genuína e arraigada.