Inglês como Língua Franca e Interculturalidade: um estudo do livro didático Bridges sob a perspectiva da Pedagogia Crítica Decolonial no contexto amazônico
Inglês como Língua Franca; Interculturalidade; BNCC; Livro Didático; Pedagogia Crítica Decolonial.
Este estudo, desenvolvido na linha de pesquisa Estudo de Processos de Práticas Sociais da Linguagem do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), tem como objetivo geral analisar discursivamente a coletânea de livros didáticos Bridges, com foco nos processos de ensino e aprendizagem do Inglês como Língua Franca (ILF) e da interculturalidade, sob a ótica da Pedagogia Crítica Decolonial. Os objetivos específicos incluem: a) analisar em que medida os livros didáticos apresentam as exigências da BNCC em relação ao inglês como Língua Franca e à interculturalidade; b) identificar se os livros didáticos promovem a conscientização crítica do/as aluno/as sobre o uso do inglês no contexto global; e c) verificar se os textos e atividades nos livros didáticos refletem práticas pedagógicas decoloniais e autenticidade cultural não euro-eua-cêntricas. Partindo da hipótese de que esses livros apresentam poucas atividades que fomentem vivências de comunicação transnacional e uma compreensão crítica do uso do inglês, esta pesquisa busca investigar se essas lacunas comprometem a construção de uma pedagogia decolonial que desafie a hegemonia euro-eua-cêntrica e fortaleça vozes de minorias culturais e linguísticas. O corpus de análise é composto pela coleção de livros didáticos de inglês Bridges, publicada pela editora FTD Educação em 2024 e adotada no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para os anos finais do Ensino Fundamental. Trata-se de uma análise documental com abordagem qualitativa-interpretativista. A fundamentação teórica se apoia em autores como Seidlhofer (2005, 2009, 2011), Rajagopalan (2009, 2010, 2012), e Jenkins (2006) para discutir o ILF, e em Walsh (2008; 2009; 2012) para compreender a interculturalidade. Os preceitos eurocêntricos colonizantes são examinados à luz dos princípios da decolonialidade, com referências a Freire (2012; 2013). Walsh (2013; 2014; 2017) também é consultada, especialmente por sua proposta de “pedagogizar o decolonial e decolonizar a pedagogia”, que busca transformar as práticas educacionais em conformidade com princípios decoloniais. Os resultados indicam que a coleção Bridges apresenta um rico conjunto de atividades que promovem a criticidade dos/as alunos/as, abrangendo temas interculturais e valorizando as minorias culturais. Contudo, em relação ao ILF, o material ainda carece de elementos que sensibilizem os/as alunos/as para as variações culturais sobretudo, linguísticas, essenciais para uma abordagem mais abrangente e inclusiva do inglês como língua franca. Espero que esta pesquisa contribua para o planejamento de práticas pedagógicas mais inclusivas e críticas, promovendo o diálogo intercultural e rompendo com perspectivas colonizantes.