O CAMINHO DA ALDEIA É MAIOR QUE O OCEANO: UM DIÁLOGO SOBRE AS APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ENTRE APRENDIZAGENS AMERÍNDIAS E A ESCOLA DA PONTE
Educação Indígena; Escolas Inovadoras; Etnomatemática; Educação Decolonial.
A educação brasileira tem suas origens no modelo de formação trazido pelos europeus, que se perpetua como uma ferramenta colonialista de subjugação cultural. Assim, essa pesquisa deriva da necessidade de questionar a falta de visibilidade dada aos conhecimentos dos povos ameríndios e de superar a herança colonial que permeia as escolas brasileiras. A pesquisa teve como objetivo discutir as concepções de aprendizagem presentes nos documentos e bibliografias disponíveis sobre as escolas com diferentes premissas teóricas, filosóficas e metodológicas e nas visões expressas por educadores, manifestadas na organização e atuação em variados espaços socioeducativos de diferentes contextos culturais e as aproximações e distanciamentos entre visões de aprendizagens e de aprendiz que cada contexto apresenta, com foco na Escola da Ponte, em Portugal, e nas comunidades indígenas do estado de Mato Grosso. O estudo, de abordagem qualitativa, foi conduzido em cinco fases, e se utilizou da pesquisa bibliográfica e documental e da pesquisa de cunho etnográfico. Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a Escola da Ponte, como uma preparação para a etapa seguinte. A segunda fase compreendeu a participação no programa de visitação pública da Escola da Ponte, por meio do qual tivemos a oportunidade de observar as dinâmicas do ambiente, na prática. Na terceira fase, estudamos as dissertações dos egressos do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu Mestrado em Ensino em Contexto Indígena Intercultural (PPGECII), da Universidade do Estado de Mato Grosso “Carlos Alberto Reyes Maldonado” (UNEMAT), Câmpus de Barra do Bugres – MT, a fim de identificar aspectos que caracterizem as concepções dos professores/pesquisadores indígenas sobre aprendizagens e aprendiz. A quarta fase consistiu na realização de entrevistas não estruturadas com acadêmicos do PPGECII, conduzidas na Unidade III do referido câmpus universitário, onde ocorrem as aulas presenciais do Programa. Ressaltamos que não houve entrada em território indígena para a realização desta pesquisa. O estudo das informações geradas foi produzido à luz de diversos autores, incluindo Ubiratan D’Ambrosio, Paulo Freire, Rubem Alves, João Severino Filho, Adailton Alves da Silva, Rômulo Lins, Ailton Krenak, Jorge Larrosa Bondía, Michel de Certeau, entre outros. Por fim, a pesquisa busca ampliar as reflexões sobre a valorização das múltiplas perspectivas de aprendizagem em contextos educacionais distintos, demonstrando relevância acadêmica, social e cultural.