Riqueza e composição de peixes em riachos tropicais: o papel da vegetação ripária e os impactos de alterações antrópicas
Biodiversidade de Peixes, Vegetação Ripária, Uso do Solo, Serviços Ecossistêmicos, Conservação de Riachos, Mudanças Climáticas.
As ações antropogênicas estão causando uma grande destruição ambiental e a perda de biodiversidade nos ecossistemas tropicais. As comunidades de peixes de água doce são particularmente vulneráveis a essas alterações, sobretudo quando a vegetação ripária se deteriora. A tese investigou os impactos de ações antrópicas e mudanças no uso do solo sobre a biodiversidade de peixes de água doce na América do Sul, com foco nas relações entre variáveis ambientais, espaciais e funcionais em diferentes escalas. No Capítulo 1, foram analisados 349 bacias hidrográficas distribuídas nas macro-regiões hidrográficas Amazônica, Araguaia-Tocantins e Prata. O estudo avaliou como a transição no uso do solo e a configuração espacial influenciam a riqueza e a substituição de espécies de peixes. Utilizando dados de peixes neotropicais e variáveis ambientais (idade do desmatamento, proporção de vegetação nativa, EVI, NPP e temperatura da superfície), modelos lineares mistos (LMM) e de gradiente (GDM) revelaram que a proporção de vegetação nativa, EVI e NPP foram positivamente associados à riqueza, explicando 23% da variação. O desmatamento mostrou impacto negativo na riqueza e turnover, sendo a principal variável para substituição de espécies na Amazônia e relevante nas outras regiões. Fatores espaciais influenciaram significativamente os padrões de diversidade, especialmente na região do Prata. Conclui-se que estratégias de conservação devem considerar variáveis regionais e espaciais para preservar a biodiversidade aquática. No Capítulo 2, foram analisados os efeitos dos atributos funcionais da vegetação ripária e variáveis de uso do solo na diversidade taxonômica e funcional de peixes em riachos na transição Cerrado-Amazônia. A riqueza e diversidade de peixes correlacionaram-se positivamente com atributos funcionais da vegetação ripária, como cálcio, magnésio e espessura foliar. Microbacias agrícolas apresentaram comunidades mais homogêneas, indicando simplificação do habitat, e espécies indicadoras de ambientes degradados. Alterações no uso do solo reduziram a heterogeneidade das comunidades e impactaram serviços ecossistêmicos. A conservação da vegetação ripária e o manejo sustentável das microbacias são fundamentais para mitigar os impactos negativos e aumentar a resiliência frente a mudanças climáticas e secas extremas. Esses resultados destacam a importância da conservação da vegetação ripária e de políticas regionais para preservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos fornecidos por ambientes aquáticos tropicais.