QUANTIFICAÇÃO E VALORAÇÃO DO ESTOQUE DE CARBONO EM TERRITÓRIO INDÍGENA NA TRANSIÇÃO AMAZÔNIA-CERRADO
Serviços ecossistêmicos; Mudanças climáticas; Crédito de carbono; Xavante; Floresta de Galeria
A degradação dos ecossistemas tropicais ocasionada por desmatamento, corte seletivo e fogo resultam em acentuada perda de biodiversidade e serviços ecossistêmico, contribuindo para o aumento do carbono atmosférico e mudanças climáticas globais. Para reduzir esta e outras fontes de emissão de CO2 para a atmosfera, os países industrializados assinaram o Protocolo de Kyoto, onde foram estabelecidas medidas de redução de emissões, dentre as quais a comercialização de Créditos de Carbono. No Brasil, que abriga a maior biodiversidade global, grande parte dos estoques de carbono é mantida em áreas protegidas, especialmente em terras indígenas, tanto na Amazônia quanto no Cerrado. Estudos sobre estoques e comercialização de carbono em áreas indígenas podem contribuir com a economia e a sustentabilidade dessas comunidades através da geração de renda e proteção de seus recursos alimentares naturais. Diante deste cenário, investigamos áreas de cerrado e floresta na Aldeia Belém (Terra Indígena Pimentel Barbosa), na Transição Amazônia/Cerrado, com o objetivo de: 1) estimar a quantidade de carbono acima e abaixo do solo; 2) comparar a quantidade de carbono com outras áreas protegidas e; 3) valorar o estoque de carbono presentes na Terra Indígena. Para tanto, demarcamos 50 parcelas de 10*200 m em cerrado ralo e 10 parcelas de 10*100 m em floresta de galeria. Coletamos dados de biomassa aérea da vegetação, serapilheira, herbáceas e solo e estimamos a estoque quantidade de biomassa acumulada nas raízes. Para as estimativas de carbono, em ambas as fitofisionomias e nos diferentes componentes do ecossistema avaliados, consideramos a porcentagem de carbono como sendo 50% da biomassa seca. Para verificar se o carbono acumulado variou entre os componentes e entre as áreas, realizamos uma Anova Two Way de Permutação com teste de Dunnett. Fizemos a valoração do carbono com base no site Crédito de Carbono Futuro, especializado em venda de créditos de carbono. A soma total do carbono por área foi maior na floresta de galeria (88,59 Mg ha-1) do que no cerrado ralo (47,21 Mg ha-1) (W = 9, p <0,01). A Aldeia Belém possui uma área de 1.645,64 hectares e contém ~ 398,01 Mg ha-1 de CO2 retirado da atmosfera e um potencial financeiro de ~ R$176.860,39 por hectare com base na cotação média mais recente. O estoque de carbono total das áreas foi 47% menor que o encontrado em outras áreas preservadas e a comercialização de carbono em áreas de preservação como terras indígenas pode representar um importante incentivo para proteção da biodiversidade e dos serviços ambientais, além da geração de renda para a comunidade.