Padrões espaço-temporais de dispersão de sementes de espécies arbóreas úteis para a recuperação de áreas degradadas na região de transição Cerrado-Amazônia
Amazônia, Cerrado, dispersão de frutos, fenologia, sementes florestais
A caraterização dos padrões fenológicos das espécies florestais é uma informação importante para o planejamento da Definir padrões fenológicos reprodutivos de plantas é essencial para otimizar as estratégias de restauração de ambientes degradados. Contudo, pouco esforço tem sido dedicado à descrição desses padrões para grupos amplos de espécies, particularmente em regiões tropicais ricas em espécies e sujeitas à grande pressão antrópica. Aqui, utilizamos a base de dados da Associação Rede de Sementes do Xingu, proveniente de 27 grupos de coletores de sementes de 139 espécies arbóreas nativas entre 2011 e 2018 para descrever padrões relacionados à produção e à dispersão de sementes na região de transição entre os dois maiores biomas da América do Sul (Amazônia e Cerrado). Especificamente, procuramos responder: 1) Qual o período de dispersão das sementes das 139 espécies? 2) Qual a variação espacial e temporal na dispersão de sementes de cada espécie? 3) Qual a síndrome de dispersão, o grupo sucessional e o tamanho das sementes de cada espécie? 4) Espécies com diferentes síndromes de dispersão ou grupos sucessionais diferem quanto ao período de dispersão das sementes? A maioria das espécies dispersou frutos no fim do período seco e no início do período chuvoso. Entretanto, 20 espécies dispersaram frutos durante nove ou mais meses do ano, apesar de localmente essas espécies produzirem frutos por poucos meses, indicando grande variação espacial no período de dispersão. A maioria das espécies com sementes pequenas foram classificadas como pioneiras, enquanto as espécies com sementes grandes foram consideradas clímax. Grande variabilidade espacial foi registrada para o período de produção de frutos e sementes de uma mesma espécie arbórea, indicando que uma mesma espécie pode produzir, maturar e dispersar frutos e sementes em diferentes épocas do ano. Nós discutimos a importância dos nossos resultados sobre as variações espaciais e temporais no período de dispersão das sementes, bem como dos aspectos ecológicos das espécies estudadas para futuros projetos de coleta de sementes e escolha das espécies para recuperação de ecossistemas degradados, em escalas local e regional.