Variáveis ambientais, modelagem de distribuição de peixes e percepção etnoecológica de ribeirinhos e pescadores do Rio das Mortes, Mato Grosso
Biomas Cerrado e Amazônia; adequabilidade ambiental; Conhecimento etnoecológico; comunidades ribeirinhas
A Bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo com 7,05 milhões de km2 e abrange um ambiente muito diversificado. Associada a ela está a Bacia Araguaia-Tocantins, onde se destaca o Rio das Mortes, que apresenta elevada importância ecológica, geopolítica e socioeconômica, pois abrange a transição entre os biomas Cerrado e Amazônia. Esta tese se divide em três artigos; para o primeiro, aqui apresentado, elaboramos um modelo de distribuição geográfica atual para as quatro espécies de peixes mais pescadas/comercializadas no Rio das Mortes, em Mato Grosso, e geramos um modelo de distribuição para o futuro, baseado em um cenário otimista (+2,6°C RCP, Caminhos de Concentração Representativos) e um pessimista (+8,5°C) do aumento das emissões de gases de efeito estufa. No segundo artigo, compararemos a percepção e o conhecimento etnoecológico das comunidades ribeirinhas tradicionais e dos moradores urbanos em três municípios (Nova Xavantina, Nova Nazaré e Novo Santo Antônio) da Bacia do Rio das Mortes, possibilitando a proposição de estratégias para a conservação desse importante manancial. No terceiro artigo, compararemos algumas variáveis climáticas e hidrológicas da Bacia do Rio das Mortes, entre os três municípios, e as avaliaremos em uma escala temporal ao longo dos últimos 30 anos. Utilizamos a técnica metodológica Snowball, e entrevistamos ribeirinhos, pescadores e moradores próximos ao Rio das Mortes, totalizando 105 pessoas. Para realizar a modelagem das quatro espécies mais citadas nas entrevistas: Pseudoplatystoma fasciatum (Linnaeus 1766 – Pimelodidae), Brycon falcatus (Müller & Troschel 1844 – Characidae), Myloplus torquatus (Kner 1858 - Serrasalmidae) e Leporinus friderici (Bloch 1794 - Anostomidae), selecionamos a região de abrangência da Bacia Araguaia-Tocantins, a fim de contemplar maior quantidade de dados georreferenciados sobre as espécies e, a partir disso, calculamos a proporção da adequabilidade ambiental dentro da Bacia do Rio das Mortes. Após a seleção das espécies, estabelecemos uma base com dados dos pontos de ocorrência a partir de coleções digitais. As projeções de ocorrência futura das espécies, sob um cenário de aumento de temperaturas e redução da precipitação, apontaram reduções drásticas de algumas e menos drásticas ou até aumentos para outras espécies. Para o segundo capítulo utilizaremos o número de citações para cada espécie (fauna e flora) e o número de espécies citadas para cada categoria de uso para construir matrizes de dados. Em seguida, calcularemos o valor de uso (VU) e a concordância de uso principal corrigido (CUPc) e compararemos entre os municípios por meio de uma análise de componentes principais (ACP). Para analisar como algumas variáveis hidrológicas e climáticas, entre a foz do Rio das Mortes e a divisa do município de Nova Xavantina com Novo São Joaquim (550 km), mudaram ao longo dos últimos 30 anos, elaboraremos para o terceiro capítulo, um banco de dados com informações obtidas em estações meteorológicas do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e de estações pluviométricas e fluviométricas do Sistema de Informações Hidrológicas da Agência Nacional de Águas.