A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DO FALAR CAMPONÊS: UM ESTUDO SOBRE O PRECONCEITO LINGUÍSTICO NA ESCOLA ESTADUAL SANTA ROSA, EM SÃO JOSÉ DOS QUATRO MARCOS-MT
Falar Camponês. Sociolinguística Educacional. Preconceito linguístico. Variação e Mudança.
O estudo desenvolvido teve, como objetivo principal, compreender como se dá a relação entre língua, fala e variação linguística no espaço escolar. A pesquisa faz, também, uma análise sobre o preconceito linguístico que ocorre por meio do processo de variação linguística do falar dos alunos que vivem e estudam no campo, em uma escola da rede pública de ensino do Estado de Mato Grosso. Para tanto, essa investigação fundamenta-se nas obras de autores que se inscrevem no âmbito da teoria sociolinguística, tais como William Labov (2008), Luis-Jean Calvet (2002), Stella Maris Bortoni-Ricardo (2005), Magda Soares (2005), bem como Marcos Bagno (2007), os quais relacionam a língua com as questões de ensino de língua – sob a vertente conhecida como sociolinguística educacional. Entre os procedimentos metodológicos adotados à coleta de dados, constam entrevistas feitas com alunos do 2° e 3° Ano da etapa do Ensino Médio da Escola Estadual Santa Rosa, localizada na zona rural do município de São José dos Quatro Marcos-MT. Ao mesmo tempo, a pesquisa contou, ainda, com a participação de duas colaboradoras, das quais professoras da disciplina de Língua Portuguesa, atuantes no contexto escolar in voga e pertencentes à comunidade onde situa-se a escola do campo. A partir da discussão teórico-metodológica, bem como da coleta dos dados mediante análise das entrevistas e o contato direto com os colaboradores deste estudo, alçamos pela descrição das variantes da comunidade escolar, frente ao processo de ensino em detrimento à norma culta do português brasileiro e, com efeito, como esse processo interfere potencialmente na formação do mesmo. Nesse movimento, observamos que a variação e a mudança linguística que se materializa no falar camponês da comunidade de fala em estudo vem, com o passar dos anos, desaparecendo no âmbito escolar estudado. Torna-se pertinente que inclinemos um olhar cauteloso no que se refere à formação continuada dos docentes que atuam na escola, para que o e ensino da língua possa ser trabalhado de maneira efetiva e com interdisciplinaridade nos mais variados contextos de ensino, valorizando o falar oriundo dos indivíduos camponeses, preservando, tanto a identidade, quanto a cultura desse povo.