O ENTRE-LUGAR DO SUJEITO AFRICANO: UMA ANÁLISE EM O SENHOR DAS ILHAS, DE MARIA ISABEL BARRENO E O SÉTIMO JURAMENTO, DE PAULINA CHIZIANE
Entre-lugar. Ocidentalização. O senhor das ilhas. Maria Isabel Barreno. O sétimo juramento. Paulina Chiziane
Esta tese investiga o entre-lugar do sujeito africano, a partir da análise dos romances O senhor das ilhas (1994), de Maria Isabel Barreno e O sétimo juramento (2000), de Paulina Chiziane. O estudo debruça-se sobre os conflitos identitários e de não pertencimento, decorrentes da ocidentalização do sujeito, visando compreender a construção desse entre-lugar no processo de colonização portuguesa, tomando como espaço (pano de fundo) os países de Cabo Verde e Moçambique, em movimentos de imanência e transcendência que, no confronto literatura/sociedade, se permite o contraponto entre a ficção e a história oficial. Na investigação, fez-se necessários compreender o processo da diáspora africana e a imigração europeia, movimentos divergentes, mas que contribuíram, seja de forma positiva ou negativamente, para a colonização de novas terras, as quais suscitaram diversas formas de pertencimento e/ou não pertencimento. Diante do exposto, tornou-se necessário o trânsito pelos conceitos de fronteiras imaginárias, desterritorialização, sujeitos em trânsito, contradição cultural e religiosa, lugar do discurso. Como aporte teórico foram tomados os seguintes teóricos e críticos: Fanon (1968), Bhabha (1998), Santiago (2000), Said (2011),), Hall (2016), entre outros. As discussões foram embasadas no método comparatista que deram suporte na compreensão do processo de colonização nas ex-colônias de Cabo Verde e Moçambique, cujas análises ocorreram sobre o corpus. Na tessitura das narrativas, observou-se transformações nos costumes e tradições, tanto do sujeito africano, quanto do europeu. Para o sujeito africano, as transformações iniciam-se pela imposição da religião, costumes europeus e pela língua que foi substituída pelo português, transformando em língua oficial, tanto de Moçambique quanto de Cabo Verde. Para o colonizador, as transformações ocorreram devido seu afastamento da metrópole, suscitando um sentimento de inferioridade, bem como a hibridização dos costumes. As organizações sociais e institucionais também sofreram transformações: as crenças politeístas foram substituídas pela monoteísta e a religião cristã foi imposta e assimilada por uma grande parte dos países que serviram de pano de fundo das obras. As transformações ocorridas tanto para o colonizador quanto para o colonizado devem-se ao processo de ocidentalização que acarretou consequências de ordem existencial, social e cultural, suscitando assim sujeitos em um entre-lugar.