DESDOBRAMENTO DAS FORÇAS COLETIVAS NO ROMANCE BRASILEIRO
Literatura brasileira. Romance. Individualismo. Coletividade. Identidade.
Essa tese equaciona um questionamento teórico substanciado à constatação de que as acepções do romance como “reorientação individualista” defendida por Ian Watt (1997 -2010) ou “epopeia burguesa” assegurada por Georg Lukács (2000) não se mostram eficientes para pensar o caso brasileiro. No Brasil, como aportam especialmente Antonio Candido (2000) e Flora Süssekind (1984 -1990) a prosa romanesca surge no século XIX comprometida com a formação da identidade nacional. Amalgamada a ela estava a prerrogativa do décor brasileiro, cujo eixo de correspondência sistematizou as relações entre identidade e nacionalidade. Assumir o compromisso com a formação identitária resultou que, o romance tenha sido desde sua origem, acionado a partir das dinâmicas sociais e circunstâncias históricas. Mesmo na produção contemporânea, parametrizada as primeiras décadas do século XXI, ainda que a presença de um “eu nômade”, como expressão da “experiência individual” seja proeminente, o que se constata é um conjunto de vozes que reclamam existência. Isso confere ao romance produzido no Brasil um sentido político ideológico mobilizador da coletividade e da “outridade” como fica sugerido pela teoria bakhtiniana (1990). Todavia, considerando o que sustenta Echevarría (2000) é preciso ter em mente que a história de origem do romance europeu dista em aspectos muito precisos daquela que se escreve no contexto latino-americano.