POÉTICAS DE RESISTÊNCIA NO HEMISFÉRIO SUL: DUARTE GALVÃO E PEDRO CASALDÁLIGA
Brasil; Moçambique; Literatura; Resistência.
Este trabalho analisa a poética literária de dois autores, um moçambicano e um brasileiro. Nesse processo, apresenta como se deu a construção nacional de Moçambique e as evidências desse processo contínuo e sem tréguas, a partir do estudo de poemas da obra Antologia Jogos de Prazer (2009) de Duarte Galvão, para apresentar o diálogo que se estabelece com a construção de uma identidade nacional no Brasil expressa nos poemas selecionados das obras Antologia Retirante (1978) e Versos Adversos (2006) de Pedro Casaldáliga, dois poetas inconformados frente à repressão e à exploração social em suas nações. Duarte Galvão lutou por uma poesia moçambicana que rompesse com a literatura imposta pelo colonizador, dando forma a uma nova poética, transgressora, em busca da identidade moçambicana. Os seus poemas permitem identificar algumas marcas formais, como a permanência dos elementos da natureza relacionados aos dramas e às aspirações do colonizador. Por outro lado, Casaldáliga foi o primeiro bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, conhecido internacionalmente por defender os direitos humanos, especialmente dos povos indígenas e marginalizados, e também por suas posições políticas e religiosas a favor dos mais pobres, posicionamento que ganhou voz e força em sua obra poética que se alimenta dos componentes da terra, do homem pobre e desamparado com o qual se deparou no Brasil, em plena Ditadura Militar. A pesquisa dialoga com estudiosos da lírica e dos caminhos históricos percorridos nas obras, como: Octavio Paz, Antonio Candido, Alfredo Bosi, Theodor W. Adorno, Benjamin Abdala Jr., Eduardo Said, Franz Fanon, Patrick Chabal, Maria Nazaré Fonseca, Fátima Mendonça, Russel G. Hamilton, entre outros.