Entre Religiosidade e Identidade: O Poder como Articulador do Trágico em As Orações De Mansata, de Abdulai Sila
Colonialismo e Pós-colonialismo. Identidade e Memória. Relações de poder. Abdulai Sila. As orações de Mansata.
Esta dissertação investiga a peça teatral As Orações de Mansata (2011), do dramaturgo Bissau-Guineense Abdulai Sila, no intuito de identificar, no movimento entre a história e a ficção, elementos da memória e identidade, bem como das relações de poder que se estabelecem entre as personagens. O poder, como articulador do trágico, revela-se um vetor de captação de elementos religiosos, com seus mitos e ritos, que, articulado à memória, redimensiona a identidade do indivíduo e dos grupos sociais. O trágico sempre esteve articulado às relações de poder, desde as tragédias áticas e, nas tragédias modernas, esse eixo permaneceu latente. Contudo, o trágico deixou de privilegiar somente as classes abastadas, atingindo, sobremaneira, o homem comum e suas mazelas. Na tragédia de Abdulai Sila, as relações de poder são atenuantes na construção do enredo e, por isso, torna-se crucial discutir aspectos referentes à colonização, ao pós-independência e, sobretudo, do pós-colonialismo que ainda é considerado, por alguns estudiosos, incipiente na Guiné-Bissau. Como aporte crítico e teórico, a pesquisa recorrerá aos estudos de Bhabha (2010), Said (1993), Hall (2003), Augel (2007), Fanon (1968), entre outros.