A LITERATURA AFRO-FEMININA DE CONCEIÇÃO
EVARISTO: REFLEXÕES ACERCA DAS ESCREVIVÊNCIAS E DO
FEMINISMO NEGRO,
Conceição Evaristo. Literatura afro-feminina. Escrevivência.
Interseccionalidade. Mulher(es) negra(s).
Este trabalho realiza um estudo de parte da produção literária da escritora
Conceição Evaristo, envolvendo especialmente as seguintes obras: Ponciá
Vicêncio (2003), Olhos d’água (2015), Insubmissas lágrimas de mulheres (2016),
Becos da memória (2017), Poemas da recordação e outros movimentos (2017),
Canção para ninar menino grande (2018) e outros textos publicados em obras
coletivas, com a finalidade de verificar dois elementos em sua produção: a
experiência da mulher negra em um íntimo diálogo com o feminismo negro. A
hipótese que sustenta a pesquisa é que a escrita da autora em questão nasce com
um viés interseccional e os dois componentes mencionados, entre outros, são
fundantes nas escrevivências evaristianas. A experiência da mulher negra atrelada
ao discurso feminino negro é denominada por Ana Rita Santiago da Silva (2010)
como literatura afro-feminina, termo que se torna basilar ao longo da tese. Para
refletir sobre o feminismo negro e o protagonismo das mulheres negras na literatura
de Conceição Evaristo, valemo-nos do apoio teórico e crítico de conceitos como
interseccionalidade, literatura afro-feminina, entre outros que corroboram para a
discussão. Este exercício crítico foi elaborado a partir da perspectiva do feminismo
negro, tendo como principais referências Lélia Gonzalez (1982, 1984, 1988), Sueli
Carneiro (2002, 2003, 2019), bell hooks (2015, 2006, 2019) e Angela Davis (2018,
2016), Kimberlé Crenshaw (2002, 2004), Carla Akotirene (2018), Patrícia Hill Collins
(2016, 2017, 2019).