LEITURA DA LITERATURA NA ESCOLA:
ANÁLISE DA PRODUÇAO E DA RECEPÇÃO DOS CONTOS “O TERCEIRO IRMÃO” E “A MENINA DOS FÓSFOROS”, POR ALUNOS DO 9º ANO DA ESCOLA ESTADUAL ANDRÉ LUIZ DA SILVA REIS, EM CUIABÁ/MT
Horizonte de expectativas. Teoria da Estética da Recepção. Teoria do efeito. Método Recepcional.
Este trabalho apresenta os resultados de pesquisa desenvolvida na Escola Estadual André Luiz da Silva Reis, em Cuiabá, no Estado de Mato Grosso, que teve como objetivo analisar a recepção dos estudantes com os contos “A menina dos fósforos” e “O terceiro irmão” e a produção dessas narrativas, que fazem parte da obra Estação Primeira (São Paulo: Scipione, 1996) do escritor contemporâneo Ricardo de Medeiros Ramos, por estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. Para tanto, valemo-nos da Teoria da Estética da Recepção, de Hans Robert Jauss (1994), e da Teoria do Efeito, de Wolfgang Iser (1996), como fundamentação teórica basilar. Como metodologia, utilizou-se o Método Recepcional de Bordini e Aguiar (1993), por meio do qual buscou-se observar o horizonte de expectativas do grupo de alunos entrevistados. Além das observações inerentes ao método, foram aplicados aos alunos questionários socioeconômico e sociocultural, bem como entrevistas com questões fechadas e abertas. Nesse sentido, o trabalho em questão mostra-se relevante visto que o objeto da pesquisa foi a recepção da leitura literária no âmbito do ensino e a análise composicional dos textos, que se mostrou primordial para a formação efetiva dos estudantes, pois entende-se a literatura, neste trabalho como um direito do homem e imprescindível para a sua confirmação como ser humano e cidadão, a partir do que propôs Antônio Candido (2011) e, também, a escola como espaço mediador para a formação de leitores, como prevê Zilberman (1989). Pôde-se observar que os estudantes participantes da pesquisa tiveram uma aparente dificuldade com a leitura dos textos, em especial o texto “O terceiro irmão”, pois, apesar serem de mesma autoria, a estrutura e o tema se diferenciam. Porém, promoveram em alguns a desautomatização em relação às leituras, ativarem a imaginação, atendendo, em parte, à necessidade de ficção e fantasia, como preconizou Jauss; de possibilitar o cruzamento de horizonte de expectativas do texto e do leitor, todavia o efeito estético dos textos mostrou-se incipiente. Sendo assim, atenderam o horizonte de expectativas dos alunos, havendo momentos até de certa ruptura e questionamento, mas, não logramos êxito com a ampliação do horizonte de expectativas. Constatou-se que a mediação da leitura literária apoiada na Estética da Recepção e do Efeito e do Método Recepcional foi primordial para promover o encontro dos estudantes com diferentes tramas e, facilitou a interpretação da camada mais aparente, levando-os a concordar e/ou contrapor as ideias neles contidas, de acordo com suas crenças, vivências e a pouca experiência de leitura.