AS AREIAS DO IMPERADOR, DE MIA COUTO: (RE) LEITURAS DO DISCURSO HISTÓRICO PELOS LIAMES DA MEMÓRIA E IDENTIDADE
Ficção e História, Memória e Identidade. Mia Couto. As Areias do Imperador.
Esta tese investiga as (re) leituras do discurso histórico proposto pelo escritor Mia Couto na trilogia As Areias do Imperador. Os liames da memória e da identidade fundamentam o corpus da pesquisa que se desenvolve a partir da hipótese de que Mia Couto, pela ficção, revitaliza as várias versões do passado de revoluções e de lutas moçambicanas, sobretudo, no cenário do século XIX. Mia Couto é um dos principais nomes das literaturas em língua portuguesa, com premiações no âmbito nacional e internacional.
A trilogia As Areias do Imperador proporciona ao leitor um lugar de escuta, reflexão e questionamentos acerca de heróis e subalternizados pelos discursos oficiais dos vencedores. Composta pelos títulos Mulheres de Cinzas (2015), Sombras da Água (2016) e O Bebedor de Horizontes (2018), a série dialoga com o contexto de disputa territorial entre a Coroa Portuguesa e o Império de Gaza, comandado pelo protagonista Ngungunyane, ocorrida entre os anos finais do século XIX e iniciais do século XX, na parte sul de Moçambique. As vozes narradoras são constituídas, predominantemente, pelas experiências e memórias das personagens Imani Nsambe (jovem africana da tribo VaChopi) e Germano de Melo (soldado representante das Forças Oficiais Portuguesas). Entre oralidades e escritas, o ambiente é redesenhado pelas diferentes perspectivas dos que estiveram/estão à margem da História. Como suporte teórico e crítico, recorrer-se-á aos estudos de Leite (2018), Abdala Jr (2004), Santos (2001), Said (2007), Hall (2005), Bauman (2005), entre outros teóricos e críticos das literaturas e culturas.