ENTRE CASCOS E CARÍCIAS: A ESCRITA CRONÍSTICA DE HILDA HILST
Crônica; Metalinguagem; Ironia; Riso; Hilda Hilst.
Neste trabalho nosso olhar se volta para a produção cronística de Hilda Hilst tendo como corpus suas colaborações jornalísticas para o Caderno C do jornal Correio Popular de Campinas e que integram a obra Cascos e carícias & outras crônicas, publicada pela Editora Globo em 2007. O objetivo da pesquisa é revelar de que maneira Hilda usa o seu espaço naquele jornal campineiro para tratar de temas relevantes do cenário social brasileiro, conjugando realidade e ficção por meio de uma densidade estilística que faz confluir toda a hibridez de sua produção anterior sem abrir mão da qualidade estética e de um estilo próprio e marcadamente irônico sempre congregado a uma dicção que trouxe à tona o melhor de sua multifacetada obra. Além disso, buscamos mostrar a primazia com que Hilda faz de suas crônicas instrumentos de crítica, recorrendo a estratégias textuais que denotam objetivos bem definidos, e mostrando de que modo traços metalinguísticos, irônicos e risíveis são usados reiteradamente como instauradores de reflexões relevantes seja sobre a condição humana, sobre a condição da cultura, sobre a condição do escritor brasileiro. Sempre atenta ao abismo existente entre seus textos e os leitores, Hilda Hilst volta-se ainda para a função do escritor em um mundo dominado pela mídia e pela cultura de massa. As indagações e os percursos que realizamos nos permitem afirmar que o espaço da crônica no jornal é “subvertido” pela autora e torna-se uma vitrine representativa de toda a sua obra. Em vez de delinear-se como um “gênero menor”, a crônica de Hilda Hilst revela uma grandeza que perdura e transcende as fronteiras limítrofes de sua escritura.