A MATÉRIA VERTENTE DO HOMEM HUMANO O PACTO COM O DIABO EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Grande Sertão: Veredas, narrativa dialógica, construção identitária.
Consideramos que Grande Sertão: Veredas é um romance que já foi amplamente abordado em diversas análises acadêmicas. Assim, atualmente, ao tentar estabelecer uma originalidade em estudos que tenha como “corpus” documental este romance, assume-se uma tarefa árdua e difícil. Entretanto, conforme as ideias defendidas inicialmente por Bakhtin (1895 – 1975) quanto ao termo “dialogismo”, e, posteriormente, enfatizadas por Julia Kristeva (1941) como “intertextualidade” para designar o processo de produtividade do texto literário, entendemos que nenhum texto em si, pode ser considerado totalmente original, pois, este é uma absorção e uma réplica a outro (ou vários outros), o que ocorre é a readaptação dos conceitos causais que resultará em uma nova concepção de mundo; enfim, em outro texto literário ou crítico. Estes argumentos não justificam que esta tese se respaldará em uma simples réplica de pesquisas já realizadas sobre o romance em destaque, mas numa maneira de afirmar que uma obra como Grande Sertão: Veredas, por fazer parte de um contexto universal e canônico será analisado por muitos outros críticos, dando lhe singular contribuição aos estudos literários. Esta pesquisa assume este propósito, ansiando colaborar para compreensões acerca da construção identitária de Riobaldo enquanto narrador e personagem, como também, pela relação entre as outras personagens (Diadorim, Otacília, Zé Bebelo, Joca Ramiro, etc.) que compõem tal narrativa, esta que se apresenta aos interlocutores como ambígua, confidencial e expressiva.