UMA LEITURA COMPARADA DA POÉTICA DE PEDRO CASALDÁLIGA E DE JOSÉ CRAVEIRINHA
Casaldáliga. Craveirinha. Poesia. História. Crítica. Resistência. Liberdade.
O estudo realizou-se sob a perspectiva comparada da poética de Pedro Casaldáliga (1928-08/08-2020) e de José Craveirinha (1922-2003), tendo como referência os poemas publicados na obra Antologia Retirante (1978), Cuia de Gedeão: poemas e autos sacramentais sertanejos (1982), Versos adversos: antologia (2006), Cantigas menores (2003) de autoria de Casaldáliga, escritor brasileiro, e em Obra Poética (2002)[1] de Craveirinha, escritor moçambicano. A hipótese levantada foi de que a poesia dos autores ao se inscrever num contexto de opressão, politicamente constrói pontos de convergências. Pronuncia-se como porta voz do sujeito oprimido e silenciado. Nesse sentido, a localização dessa escrita no tempo e espaço é o século XX, o período da manutenção latifundiária no Brasil e a luta pela independência de Moçambique. Assim, quais as imagens e discursos representados pela poética, dentro desses contextos socioculturais estabeleceriam o diálogo? Os objetivos foram estudar e identificar elementos poéticos que representam denúncia social, resistência contra a opressão humana, relação de poder, consciência crítica, luta por liberdade humana e cultural. E a partir das evidências líricas que se aproximam e/ou não, construiu-se a ponte comunicativa, que ocorre quando, em contextos e tempos diferentes, a poética é comprometida com a causa humana marginalizada. A metodologia centrou-se no levantamento da fortuna crítica dos poetas. Depois, fez-se a seleção dos poemas em consonância com a hipótese e os objetivos elencados. Assim, cada capítulo desse estudo foi composto por repertórios literários que se aproximam quando representam questões universais: a defesa da vida, da liberdade humana e da valorização da cultura diferente. Por distanciamento ao abordar questões peculiares, como a luta dos índios e não índios no Brasil, especialmente no Estado de Mato Grosso, Região do Araguaia e a luta pela libertação política e cultural em Moçambique. Desse modo, os poemas dialogam por representar e valorizar o ser humano oprimido/explorado, possibilitando o leitor a enxergar esse ser como pessoa capaz de transformar a realidade. São discursos líricos que propõem uma política coletivo-proativa, ou seja, a construção consciente-coletiva de uma comunidade heterogênea em que as diferenças socioculturais não se vejam com indiferença, mas busquem o bem-estar com equidade. As análises e reflexões desta tese embasaram-se, principalmente, no aporte teórico e crítico constituído por Alfredo Bosi (1992), (2000), (2002), (2013), (2010); Octavio Paz (2012), (1994), (1984), (1966); Walter Benjamin (2018); Antonio Candido (2006), (2011), (2011c), (2007); Jean-Paul Sartre (2004); Tânia Franco Carvalhal (2004), (2011); Ana Mafalda Leite (1998), (2003), (2002), (2019); Francisco Noa (2018), (2015), (2015b); Benjamin Abdala Junior (2014), (2012), (2003), (2007); Edson Flávio Santos (2018); Edward Said (2000), (2011); Eric Hobsbawm (1995); Octavio Ianni (1983), (1986), (2003), (2010); David Harvey (2006); José Luís Cabaço (2007); Frantz Fanon (1968), (2008); Homi Bhabha (2013); Gayatri Chakravorty Spivak (2010); Albert Memmi (2007); Milton Santos (2018); Gilles Deleuze (1988); Ernest Bloch (2005); João Carlos Barrozo (2010); Regina Beatriz Guimarães Neto (2006).
[1] É considera uma Obra completa, reúne a maioria dos poemas de José Craveirinha, incluindo os publicados em outras antologias. Por isso, elegeu-se apenas ela para este estudo.