A ANULAÇÃO DA ORDEM E A DESCRIÇÃO DA CONSCIÊNCIA EM LAVOURA ARCAICA, DE RADUAN NASSAR
Lavoura Arcaica; Memória; Tradição; Narrador; Fluxo de Consciência
Esta pesquisa possui o intento de apresentar uma possibilidade de leitura do comprometimento que o escritor Raduan Nassar teve com a tradição patriarcal no romance contemporâneo Lavoura Arcaica (1975). Para tanto, percorre-se os conceitos de narrador e memória para compreender a configuração do personagem principal que também é o narrador, por meio de sua enunciação em primeira pessoa, infestada de digressões, revira os discursos do pai em busca de incongruências, ou de alguma forma de confronto com a tradição patriarcal imposta a ele. Nassar utilizou uma técnica em que a narração de André é feita de memória. Assim, essas reminiscências são postas para justificar o afastamento do protagonista do âmbito familiar, por causa da criação autoritária que o pai o impunha e que veementemente ele condenava. Por meio dessas memórias André busca escapar dos limites da genealogia familiar, denunciando e se amparando numa narrativa em que o fluxo de consciência aparece através da técnica do monólogo interior, expondo as questões interiores do personagem principal. Bosi (1994), Benjamin (1994), Candido (1951), Ginzburg (2012) e Sedlmayer (1997) serão a base teórica deste estudo, a pensar no narrador, na memória, na tradição e no fluxo de consciência.