TRANSPOSIÇÃO INTERSEMIÓTICA E DRAMATURGIA EXPANDIDA: FICA, PEDRO! E MULHERES DA TERRA
Literatura e Processo Criativo. Interartes. Intersemiótica. Fica Pedro!. Mulheres da Terra.
Esta dissertação investiga as dramaturgias de Mulheres da Terra,e FICA,PEDRO! buscando compreender de que maneira ocorre a transposição intersemiótica nesses processos criativos. A partir desses dois espetáculos da Cena Onze Cia de Teatro de Cuiabá, o estudo analisa como diferentes fontes — um fato biográfico contemporâneo, a punição de Pedro Casaldáliga, e um livro-reportagem consolidado, Dez mulheres, muitas vidas — se transformam em pontos de partida para a criação coletiva e para a construção das dramaturgias que dão forma às cenas. Para tanto, examina-se como fontes distintas, um fato biográfico contemporâneo (a punição de Pedro Casaldáliga) e um artefato literário já consolidado (o livro-reportagem Dez mulheres, muitas vidas), que operam como disparadores à construção de dramaturgias textuais e suas respectivas materializações cênicas. A fundamentação teórica apoia-se nos conceitos de interartes e intermidialidade (SILVA; CLÜVER), no teatro épico (BRECHT), nas teorias da memória (RICOEUR) e da experiência estética (DEWEY). A pesquisa, de natureza qualitativa, realiza análise crítica dos textos dramatúrgicos e dos espetáculos, articulando-a com aportes estético-políticos. Os resultados demonstram que a literatura, neste contexto, atua como agente provocador de uma dramaturgia expandida, que integra texto, corpo, espaço e som. A análise comparativa revela dois percursos criativos distintos: um que parte da urgência do fato para a cena e, depois, para o texto da peça, no caso, Fica, Pedro!!; e outro que segue do texto literário para a investigação cênica e para um novo texto dramático, Mulheres da Terra. Em ambos, o processo colaborativo permite a criação de obras polifônicas que instigam a memória e transformam lutas sociais em potência cênica e crítica. Os produtos cênicos imprimem a versatilidade da criação teatral, em que a literatura, como representação social, opera como núcleo gerador de uma linguagem cênica híbrida e comprometida com a realidade histórica, reforçando o papel do teatro como instrumento de reflexão e resistência política.