LEGADO DAS AÇÕES ANTRÓPICAS: COMO A MUDANÇA NO USO DO SOLO AFETA A BIODIVERSIDADE EM ECOSSISTEMAS DE ÁGUA DOCE NEOTROPICAIS?
atributos florísticos; uso do solo; ecologia aquática; diversidade
Os impactos de fatores antrópicos, como a remoção da vegetação ripária e mudanças no uso do solo, têm causado profundas alterações sobre as comunidades de peixes em ecossistemas de água doce tropicais. No primeiro capítulo analisamos 349 bacias de drenagem inseridas nas macrorregiões hidrográficas do Amazonas, Araguaia-Tocantins e Prata. Nosso objetivo foi entender a relação entre riqueza e turnover de espécies de peixes e variáveis ambientais, como idade do desmatamento, proporção de vegetação nativa e produtividade primária líquida em ecossistemas aquáticos tropicais. No segundo capítulo avaliamos 10 bacias de drenagem de riachos de cabeceira na transição Cerrado-Amazônia. Aqui investigamos como atributos funcionais da vegetação ripária, variáveis de uso do solo e eventos de seca severa influenciam o turnover de espécies, a diversidade taxonômica de peixes, com coletas realizadas antes e após seca severa. Os resultados indicaram que a riqueza e diversidade de peixes estão positivamente associadas à diversidade funcional da vegetação ripária, especialmente em atributos como cálcio e espessura foliar. Microbacias agrícolas apresentaram comunidades mais homogêneas e espécies indicadoras de ambientes degradados. Nas bacias hidrográficas, maior riqueza foi registrada na Amazônia, enquanto o desmatamento antigo e menor cobertura vegetal nativa reduziram a diversidade e a renovação de espécies em todas as regiões. Dessa forma, verificamos que as alterações no uso do solo e a degradação da vegetação ripária simplificam as comunidades de peixes, diminuindo a heterogeneidade. A conservação da vegetação ripária e o manejo sustentável das bacias são cruciais para preservar a biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas frente ao desmatamento, mudanças climáticas e eventos extremos.