Padrões de variação da diversidade filogenética em comunidades arbóreas do Brasil
biodiversidade, biomas, conservação, diversidade filogenética, variação florística.
A compreensão dos mecanismos que moldam a estrutura das comunidades arbóreas tropicais
é um dos principais objetivos da ecologia, especialmente em ecossistemas ricos e complexos
como os biomas brasileiros. Tradicionalmente, os estudos se concentram nos efeitos do
ambiente e da estrutura espacial, mas sem integrar a influência das relações filogenéticas entre
espécies. A filogenia oferece uma perspectiva única para desvendar processos ecológicos e
evolutivos, especialmente em regiões biodiversas. Aqui, buscamos expandir o entendimento
sobre como componentes filogenéticos, ambientais e espaciais interagem e influenciam a
variação florística dos diferentes biomas do Brasil. Assim, objetivamos: (1) avaliar a
importância relativa de componentes filogenéticos, ambientais e espaciais na variação
florística das comunidades arbóreas; (2) investigar a estrutura e a diversidade filogenéticas
das comunidades arbóreas entre os biomas, identificando padrões e processos ecológicos
subjacentes; e (3) propor recomendações para a conservação das comunidades arbóreas,
considerando as particularidades filogenéticas e ecológicas de cada bioma. Utilizamos dados
de 9.108 espécies arbóreas em 3.959 sítios do banco de dados NeoTropTree. Construímos
autovetores para representar variáveis preditoras (filogenia, ambiente e espaço), usados em
modelos de particionamento de variação canônica para avaliar a contribuição de cada
componente na variação florística. Analisamos a estrutura e a diversidade filogenéticas das
comunidades com métricas filogenéticas para identificar padrões de sobredispersão e
agrupamento filogenético nas comunidades de diferentes biomas. Ainda, utilizamos modelos
de quadrados mínimos generalizados para avaliarmos a relação entre as métricas filogenéticas
e as variáveis ambientais. Nossos resultados mostraram que a filogenia desempenha um papel
significativo na variação florística das comunidades arbóreas, com evidências de que as
relações de parentesco entre espécies influenciam a estrutura das comunidades. Observamos
uma predominância de sobredispersão filogenética em diversos biomas, indicando que as
comunidades arbóreas tendem a ser compostas por espécies filogeneticamente distantes. A
diversidade de padrões entre biomas, como Mata Atlântica, Pantanal e Amazônia, reforça a
importância de considerar especificidades filogenéticas regionais ao desenvolver estratégias
de conservação. Esses achados sugerem que incorporar a dimensão filogenética em estudos
ecológicos e de conservação é essencial para uma abordagem mais completa e eficaz na
preservação da biodiversidade.