EFEITOS DA SECA E DO FOGO NA DINÂMICA DE FLORESTAS DE GALERIA NA TRANSIÇÃO CERRADO-AMAZÔNIA
Florestas de galeria, dinâmica vegetal, mudanças climáticas, mortalidade de árvores
As chuvas são cruciais para a sobrevivência das plantas, principalmente para as florestas
de galeria que dependem da umidade dos cursos d'água. No entanto, eventos extremos de
seca e a interação com o fogo, causam alta mortalidade das árvores de espécies tropicais,
impactando negativamente o acúmulo de carbono e a biodiversidade. Nosso estudo,
conduzido ao longo de 22 anos nas florestas de galeria do Parque Municipal do Bacaba,
em Nova Xavantina, Mato Grosso, buscou quantificar mudanças na estrutura e dinâmica
vegetal, e avaliar os impactos de eventos de seca e fogo em três parcelas de 0,5 ha cada.
Eventos de seca ocorreram em 2005, 2007, 2010 e 2015/16 e as queimadas acidentais que
atingiram de modo parcial ou integral as florestas ocorreram 2001, 2008, 2016 e 2019.
Medimos todas as árvores com diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 5 cm, em relação ao
diâmetro e a altura, em três parcelas de 0,5 ha cada. Observamos uma redução de 23
espécies (18,7%) e uma perda de 35,6% na densidade de indivíduos desde 1999 até 2021.
As taxas de mortalidade aumentaram, enquanto as de recrutamento não compensaram as
perdas, indicando um desequilíbrio no ecossistema. A área basal apresentou uma
mudança líquida significativa, mas a biomassa manteve-se quase inalterada, sendo ambas
fortemente impactadas no último censo. Concluímos que a frequência de eventos de seca
e fogo pode ter sérias consequências para a estrutura e dinâmica das florestas de galeria,
levando à substituição e até a extinção local de espécies menos tolerantes a esses
distúrbios.