ANÁLISE SOCIOAMBIENTAL E PARASITOLÓGICA DE CRIANÇAS INTERNADAS NO HOSPITAL REGIONAL DE CÁCERES, MATO GROSSO, BRASIL
Parasitoses infantis; Saúde pública; Saneamento básico; Políticas públicas; Fatores socioeconômicos; Educação em saúde
As parasitoses intestinais são uma preocupação global de saúde pública. As crianças se destacam dentre a população vulnerável a essas infecções, intimamente ligadas a fatores sociais, ambientais e comportamentais. Este trabalho teve como objetivos: (1) analisar a prevalência das endoparasitoses em crianças hospitalizadas no Brasil e (2) avaliar a prevalência de parasitas em crianças internadas na clínica pediátrica do Hospital Regional de Cáceres Dr. Antônio Fontes - SEDE (HRCAF-SEDE) durante o período chuvoso e estiagem do ano de 2024. A primeira parte do estudo consistiu em uma revisão sistematizada de literatura, conduzida em bases científicas como PubMed, Scielo e CAPES, abrangendo artigos publicados entre 2013 e 2024 . Foram analisados 12 estudos que exploram a prevalência e os fatores associados às parasitoses em crianças. De acordo com os resultados, as iniciativas de educação em saúde e melhorias no saneamento básico são eficazes na prevenção dessas infecções, contribuindo para a redução das taxas de morbidade infantil. Contudo, identificou-se uma carência de estudos longitudinais e limitações para generalizar os achados devido às disparidades regionais, evidenciando a necessidade de pesquisas que ampliem o conhecimento sobre o tema e subsidiem políticas públicas mais abrangentes. A segunda parte desta pesquisa consistiu em um estudo transversal realizado no Hospital Regional de Cáceres Dr. Antônio Fontes – SEDE, onde se avaliou a prevalência de parasitas intestinais em crianças hospitalizadas durante os períodos chuvoso e de estiagem em 2024. Dados parasitológicos foram coletados por meio de exames coprológicos e complementados com informações socioambientais obtidas por meio de entrevistas com os responsáveis pelas crianças. A análise de dados de 60 crianças revelou que 55% apresentaram parasitoses, sendo 75% dos casos causados por protozoários e 25% por helmintos. A faixa etária de 0 a 4 anos apresentou maior prevalência, e os casos de poliparasitismo representaram 60,61% dos diagnósticos. Na prevalência anual de espécies, foi contabilizada em ordem decrenscente para protozoários: Endolimax nana (n=23; 38,3%), Blastoscystis spp. (n=18; 30,0%), Giardia spp. (n=12; 20,0%), Chilomastix mesnili (n=6; 10,0%), Entamoeba coli (n=3; 5,0%) e Entamoeba histolystica (n=1; 1,7%). Os únicos representantes de helmintos, foram Ascaris spp. (n=3; 5,0%) contabilizado pela presença de ovos inférteis e Hymenolepis nana (n=1; 1,7%). Apesar de não terem sido observadas diferenças estatisticamente significativas entre os períodos sazonais e a prevalência, os resultados sugerem maior vulnerabilidade durante a estiagem. Essa ausência de diferenças sazonais revela que as medidas preventivas devem ser contínuas e permanentes. Fatores como baixa renda familiar e baixa escolaridade dos responsáveis foram significativamente associados à positividade parasitária, reforçando a influência das condições socioeconômicas. Este trabalho aponta para a necessidade de estratégias integradas que combinem educação em saúde, saneamento básico e intervenções socioeconômicas para mitigar as parasitoses em crianças. Para a melhoria na saúde infantil é essencial adotar abordagens multidisciplinares e políticas públicas que considerem as desigualdades regionais e os determinantes sociais, promovendo assim uma saúde mais equitativa e sustentável.