ANATOMIA E HISTOQUÍMICA FOLIAR DE SEIS ESPÉCIES DE Xylopia (Annonaceae) DO SUL DA AMAZÔNIA
Adaptação, Comparação, Mato Grosso, metabólitos secundários, plasticidade
Por possuir uma das diversidades biológicas mais ricas do planeta, o Brasil apresenta um vasto potencial para pesquisas com vegetais que substanciam metabólitos secundários, dentre esses podemos citar as espécies do gênero Xylopia L. Xylopia produz uma variedade de metabólitos secundários e tem sido investigado como fonte potencial de compostos que apresentam uma ampla variedade de propriedades biológicas. Os metabólitos secundários não estão diretamente relacionados com o crescimento e desenvolvimento das plantas, mas assumem características funcionais que as permitem responder a estímulos ambientais; da mesma maneira que possíveis modificações na anatomia das espécies podem exercer funções que sugerem certo grau adaptativo. Nesse sentido, esse estudo teve como principal objetivo investigar espécies de Xylopia ocorrentes em diferentes áreas no sul da Amazônia mato-grossense, buscando caracterizar e comparar anatômica e histoquimicamente seis espécies do gênero, além disso, investigamos possíveis características adaptativas de Xylopia amazônica em diferentes comunidades vegetais da região. Para a realização do estudo utilizamos folhas de espécies arbóreas do gênero Xylopia, as quais foram submetidas a metodologias usuais para pesquisas anatômicas e histoquímicas. A pesquisa está organizada em dois capítulos, o primeiro trata da descrição e comparação anatômica e histoquímica das espécies: Xylopia amazonica, X. aromatica, X.benthamii, X. frutescens, X. neglecta e X. sericea, onde foi possível verificar que as espécies possuem características anatômicas compartilhadas, como estômatos paracíticos, células epidérmicas de paredes retas, cutícula delgada, câmaras subestomáticas volumosas e canais secretores. Assim como os resultados referentes aos testes histoquímicos que também revelaram semelhança entre as espécies, uma vez que dos dez testes realizados, cinco reagiram positivamente em todas as espécies. Os compostos presentes nas espécies, desempenham funções ecológicas relacionadas a adaptações ao ambiente, como redução da transpiração, armazenamento de água, defesa contra herbivoria e ação antifúngica. Apesar da grande quantidade de características compartilhadas, foi possível separa-las em grupos, onde as espécies X. frutescens e X. sericea são as mais semelhantes entre as seis. Os resultados obtidos são capazes de auxiliar em estudos taxonômicos na circunstância em que sugerem maior parentesco entre as espécies X. frutescens e X. sericea e X. amazonica e X. aromatica. O segundo capítulo revelou que quatro atributos anatômicos possuem diferença entre os sítios estudados, sendo eles, tamanho estomático, espessura do feixe da nervura central, espessura do parênquima paliçádico e espessura da asa foliar, dessa maneira, a precipitação média anual e o índice de sazonalidade também influenciaram na variação desses tecidos, exceto a espessura da asa foliar. Apesar de alguns atributos não possuírem variação entre os sítios e não estarem relacionados com as variáveis ambientais, apresentaram maior valor de variabilidade intraespecífica, como é o caso de espessura da epiderme adaxial e abaxial, densidade estomática e espessura do parênquima lacunoso. Esse estudo mostra que X. amazônica apresenta diferença nos atributos anatômicos entre os diferentes sítios e que essas diferenças estão intimamente ligadas a fatores ambientais, mais especialmente a precipitação média anual.