A soja na Amazônia brasileira
Desflorestamento; Moratória da Soja; Mudança no Uso da Terra; Pecuária
A pecuária e a soja são os principais drivers de desmatamento na Amazônia brasileira. Este trabalho teve por finalidade verificar a conversão de áreas naturais para plantio de soja após a Moratória da Soja, entre os anos safra 2009/2010 até 2017/2018. Para avaliar as áreas desmatadas foram utilizadas imagens via sensoriamento remoto dos satélites Landsat disponibilizadas pelo banco de dados Global Forest Change, com os arquivos contendo valores de 8 bits, com uma resolução espacial de um segundo de arco por pixel, ou aproximadamente 30 metros por pixel no equador. As áreas cultivadas com soja foram identificadas com o índice PCEI (Perpendicular Crop Enhancement Index). Foram construídos boxplots para demonstrar a variação das variáveis avaliadas ao longo da série temporal. Para verificar a tendência das variáveis ao longo dos anos foi aplicado o teste de Man-Kendall, seguido do teste de Pettitt para identificar o provável ponto de mudança com a tendência significativa a 0.005 para o teste de Pettitt. Todas as análises foram realizadas com software R com auxílio dos pacotes “ggplot2”, “trend”, “ManKendall” e “factoextra”. Na safra 2017/2018 a soja estava presente em sete estados amazônicos, com exceção do Amazonas e Maranhão e ocupando uma área de 5.237.640 hectares (ha). Os estados com as maiores áreas de plantio foram o Mato Grosso (4.453.053 ha), Pará (565.541 ha) e Rondônia (95.934 ha). Os estados com as maiores áreas de desmatamento foram Pará e Mato Grosso e o teste de tendência mostrou que o provável ano de mudança foi 2006 para o estado do Mato Grosso, que coincide com o ano de implantação da Moratória da Soja. A partir de 2009 foram desmatados 12.413.267 ha. Deste total, 359.606 ha foram convertidos em áreas de soja. Isto representa apenas 2,90% de todo o desmatamento na Amazônia no período. Nossos resultados mostram que a pecuária continua sendo o principal driver de desmatamento na Amazônia e que as políticas públicas existentes até o momento não foram suficientes na contenção dos desmatamentos.