Caracterização molecular de variedades locais de mandioca cultivadas e manejadas por produtores de farinha Uarini da região de Tefé, Amazonas, Brasil
Manihot esculenta; microssatélites; ISSR; farinha Uarini.
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é produzida em todo Brasil por possuir fácil adaptação a diferentes climas e solos, e representa papel importante na geração de emprego e renda. Esta pesquisa faz parte do projeto Interdisciplinaridade para o fortalecimento da cadeia produtiva da farinha Uarini - Etnobotânica e diversidade genética de Manihot esculenta Crantz, e tem por objetivo realizar a caracterização molecular de variedades locais de mandioca cultivadas por produtores de farinha Uarini da região de Tefé, Amazonas Brasil. A amostragem foi realizada na área de Indicação Geográfica Uarini, compreendendo os municípios Uarini, Alvarães, Tefé e Maraã, localizados no estado do Amazonas. O estudo foi realizado na UNEMAT Alta Floresta, no Laboratório GenBioMol. Foi realizada a extração de DNA, seguindo o método CTAB, de 48 variedades locais de mandioca cultivadas na IG Uarini. Posteriormente foram realizadas as PCRs utilizando marcadores moleculares ISSR e SSR. Os produtos das PCRs de ISSR foram convertidos em uma matriz binária de presença e ausência de bandas, e as PCRs de SSR foram encaminhadas para FIOCRUZ para genotipagem. Os 12 primers SSR amplificaram um total de 78 alelos, com média de sete por primer. A maioria dos primers apresentaram heterozigosidade observada maior que a esperada. O PIC variou de 0,07 (SSRY43) a 0,83 (SSRY35), com média de 0,55. Foram encontrados 15 alelos raros e 30 alelos exclusivos. A AMOVA revelou maior variação genética dentro das populações do que entre as populações. O método UPGMA e a análise bayesiana formaram três grupos cada. Os sete primers ISSR amplificaram 82 fragmentos, sendo 51 polimórficos. A porcentagem média de polimorfismo foi de 62,20%. O PIC variou de 0,21 (UBC 834) a 0,60 (TRI GTG), com média de 0,32. O método de agrupamento UPGMA formou três grupos e a análise bayesiana dois. Há diversidade genética entre as variedades locais de mandioca estudadas, sendo maior dentro das populações do que entre as populações, resultado que pode ter sido favorecido pela atividade de trocas de manivas entre os produtores. Os métodos de agrupamentos utilizados não separaram as variedades locais por localidade de coleta. A divergência genética entre as variedades locais representa um fator importante para a preservação da espécie, além de um potencial a ser explorado em programas de conservação e reprodução em cultivos da espécie, ou até mesmo em programas de melhoramento, com destaque para a população de Alvarães que apresentou maior número de alelos raros e alelos exclusivos.