ETNOVARIEDADES DE MANDIOCA: CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR, QUALIDADE CULINÁRIA E CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE RAÍZES MINIMAMENTE PROCESSADAS
Caracterização culinária, diversidade genética, Manihot esculenta.
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é cultivada em diversas regiões brasileiras, sendo uma das culturas de maior importância socioeconômica para o país. Com vasta possibilidade de utilização, como na fabricação de produtos alimentícios para alimentação humana e animal. Este estudo objetivou realizar a caracterização molecular, fenotípica e culinária de raízes de 15 etnovariedades de mandioca cultivadas no norte de Mato Grosso. Na caracterização molecular utilizou-se folhas jovens, para extração de DNA e 15 marcadores moleculares do tipo ISSR. A caracterização fenotípica das raízes foi realizada avaliando a textura da epiderme, cor da película, cor do córtex e cor da polpa. A qualidade culinária foi determinada analisando a facilidade de descascamento das raízes, o tempo de cocção, a variação de peso pré e pós cozimento e o padrão de massa cozida de raízes in natura e armazenadas no freezer em embalagens com e sem vácuo por 30, 60 e 90 dias. A partir dos marcadores ISSR utilizados foi possível confirmar a diversidade genética existente entre as 15 etnovariedades de mandioca avaliadas. Essa diversidade foi revelada pelo percentual de polimorfismo (72,94%) e pela formação de grupos entre as 15 etnovariedades nas análises de agrupamentos UPGMA, Tocher e Structure. As etnovariedades não formaram grupos por localidade de coleta, o que pode estar associado com a troca de manivas de mandioca entre os agricultores nos municípios de MT, atividade importante para a manutenção dos recursos genéticos da mandioca. Das etnovariedades avaliadas, 73,3 % possuem textura da epiderme da raiz rugosa, 53,3% tem cor da película marrom escuro e 73,3% possuem cor do córtex branco ou creme e 60% tem cor da polpa in natura branca. O tempo de cocção em panela convencional variou de 17 a 35 minutos e o padrão da massa cozida variou entre 5 e 10, já na panela de pressão todas as etnovariedades apresentaram-se cozidas após 10 minutos, com padrão de massa cozida variando de 4 a 9. Quanto a avaliação das raízes congeladas, observou-se um melhor padrão de massa cozida em raízes armazenadas em embalagens a vácuo. Considerando o tempo de cocção e o padrão de massa cozida, quatro etnovariedades se destacaram sendo promissoras para o consumo in natura (Cascatinha, Folha Roxa, Branca e Amarelinha), e após congelamento destacam-se as etnovariedades Capelari, Amarelinha, Folha Roxa e Cascatinha.