DESEMPENHO AGRONÔMICO E ESTABILIDADE PRODUTIVA DE GENÓTIPOS DE SORGO BIOMASSA CULTIVADOS NO ESTADO DE MATO GROSSO
Sorghum bicolor; melhoramento genético; energia renovável; biocombustível; interação GxA.
O sorgo biomassa vem despontando como cultura de elevada produção de biomassa passível de uso tanto para geração de energia quanto para alimentação animal. Entretanto, para sucesso de uma lavoura, um dos fatores primordiais é o uso de genótipos produtivos e estáveis a região de cultivo. A presente pesquisa visando fornecer aos agricultores do Estado de Mato Groso uma nova alternativa para o agronegócio local, avaliou o desempenho agronômico e estabilidade produtiva de genótipos de sorgo biomassa por meio de experimentos de campo desenvolvidos em três distintos locais do estado. O objetivo principal da pesqisa foi identificar cultivares adaptados ao cultivo no Estado de Mato Grosso, passíveis de recomendação de uso pelos agricultores. Para tanto, 25 genótipos de sorgo foram avaliados na Safra 2019/20 nos municípios de Cáceres, Nova Xavantina e Sinop. Dos 25 genótipos, quatro são híbridos comerciais, sendo destes, dois do tipo silageiro (BRS 658 e Volumax) e dois do tipo biomassa (BRS 716 e AGRI002-E) e os outros 21 genótipos são do tipo biomassa, porém genótipos experimentais, desenvolvidos pela Embrapa Milho e Sorgo. Avaliaram-se a altura média de plantas (ALT), a produção de massa verde (PMV), a produção de massa seca (PMS) e o florescimento (FLOR) e os dados foram submetidos a uma análises de variâncias conjunta dos ambientes e, posteriormente, em função das médias para as diferentes características, os genótipos foram agrupados pelo método proposto por Scott-Knott (P<0,05). Para PMV, PMS e ALT, características que demonstraram significância da interação genótipos x ambientes (GxA), avaliaram-se as estabilidades dos genótipos pelo método de Wricke (1965). Quanto ao florescimento, os híbridos forrageiros foram mais precoces que os biomassas, com BRS 658 florescendo, em média aos 68 dias, e o Volumax florescendo aos 76 dias em Cáceres e 72 dias em Sinop. Os biomassas variaram entre 115 a 134 dias para florescer em Sinop e entre 127 e 158 dias em Cáceres. BRS 658 e Volumax se equipararam quanto as alturas, PMV e PMS, com médias de 2,8 m e 36 t.ha-1 e 13 t.ha-1, respectivamente. Com florescimentos mais tardios e ciclos mais longos, os sorgos biomassas demonstraram superioridade aos silageiros quanto ao porte das plantas, PMV e PMS, existindo variabilidade dentre eles e possibilidade de seleção dos mais produtivos e estáveis. Nestes quesitos, dentre os cultivares comerciais, apesar de alturas de plantas semelhantes, em torno de 5 m, o híbrido BRS 716 foi superior em produtividade de massa verde e seca ao sorgo boliviano gigante AGRI002-E nos ambientes Cáceres (PMV = 89 t.ha-1 x 59 t.ha-1; PMS = 39 x 29 t.ha-1) e Nova Xavantina (PMV = 97 t.ha-1 x 73 t.ha-1; PMS = 31 t.ha-1 x 26 t.ha-1), assemelhando-se em Sinop, com médias em torno de 85 t ha-1 para PMV e 35 t ha-1 para PMS. Apesar da interação GXA significativa para PMV e PMS, os híbridos experimentais 2 (201934B002) e 9 (201934B009) se destacaram, superando os comerciais em estabilidade sendo os mais indicados para cultivo nos ambientes avaliados, seja para produção de energia ou alimentação animal, pois demonstraram altas produtividades médias de massa verde (PMV = 95 t ha-1) e de massa seca (PMS = 38 t ha-1), além de alta estabilidade fenotípica para estas características nos diferentes locais de cultivo.