RISCOS À SAÚDE DECORRENTES DA ATIVIDADE RURAL E RELAÇÃO ENTRE CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E DOENÇAS DOS SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR
agricultores; riscos ocupacionais; clima; doenças respiratórias; doenças cardiovasculares
Objetivou-se investigar as evidências científicas sobre os riscos à saúde e doenças que acometem o agricultor e analisar como a variabilidade meteorológica pode influenciar nas internações por doenças respiratórias e cardiovasculares. Realizou-se uma revisão integrativa de literatura por meio da consulta das bases de dados eletrônica SciELO e Biblioteca Virtual em Saúde indexada nas bases LILACS, MEDLINE, BDENF e IBECS. No estudo da variabilidade climática e internações por doenças respiratórias e cardiovasculares no município de Tangará da Serra - MT, os dados dos elementos meteorológicos foram coletados no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e as informações das doenças no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), considerando o período de 2008 a 2018. Nas doenças respiratórias foram incluídas todas as faixas etárias, crianças de 0 a 9 anos e idosos acima de 60 anos; nas cardiovasculares aplicou-se todas as faixas etárias e idosos acima de 60 anos. Realizou-se análise do período de 11 anos (2008-2018) e de cada ano separadamente. Utilizou-se o teste paramétrico de correlação de Pearson (r), as correlações foram submetidas à análise de significância pelo teste t de Student. Na revisão, emergiram-se cinco categorias, sendo: riscos à saúde decorrentes do uso e exposição aos agrotóxicos, implicações à saúde decorrentes da fumicultura, implicações na saúde mental, riscos à saúde decorrentes da atividade extrativista e adoecimento do agricultor decorrentes a diferentes exposições no trabalho rural. Os riscos à saúde do agricultor são abrangentes, de acordo com a configuração do trabalho. Quanto a associação entre variáveis meteorológicas e internações por doenças respiratórias, na análise anual encontrou-se correlações significativas incluindo todas as faixas etárias, nos anos de 2008 e 2015 com coeficientes entre (r=-0,74) e (r=0,69), com associação significativa de moderada a forte, sendo as variáveis que mais influenciam no número de internações a temperatura (mínima, máxima e média) e umidade relativa do ar (mínima e média); com crianças, obteve-se correlações também nos anos de 2008 e 2015, com coeficientes entre (r=-0,77) e (r=0,63), as variáveis que mais influenciam no número de casos são: a precipitação, temperatura (mínima, média e máxima) e umidade relativa do ar mínima, sendo as associações moderada a forte; já com idosos, encontrou-se correlações nos anos de 2009, 2012, 2013 e 2016, com coeficientes entre (r=-0,84) e (r=0,70), com correlações moderada a forte, sendo a temperatura (mínima, média e máxima), umidade relativa do ar (mínima, média e máxima) e precipitação, as variáveis que mais influenciam no número de internações. Com as doenças cardiovasculares, incluindo todas as faixas etárias, em 2008, 2012 e 2015 obteve-se correlações significativas com coeficientes entre (r=-0,65) e (r=0,73), sendo as associações significativas de moderada a forte, de modo que as variáveis precipitação, temperatura (média e máxima) são as que mais influenciam no número de internações; com idosos, encontrou-se correlações nos anos de 2008, 2009, 2012 e 2015 com a amplitude térmica, umidade relativa do ar mínima e média, temperatura máxima e média e precipitação, sendo a força das correlações moderada, com coeficientes entre (r=-0,64) e (r=0,64). Os resultados demonstram que a variabilidade de elementos meteorológicos também influencia no aumento ou diminuição no número de internações por doenças respiratórias e cardiovasculares.