O BLENDING COMO CATEGORIA DE LINGUAGEM: UM ESTUDO PELA PERSPECTIVA DA TEORIA DAS OPERAÇÕES PREDICATIVAS E ENUNCIATIVAS
Blending. Semântica. Operações Predicativas e Enunciativas. Linguagem. Linguística.
A tese aqui apresentada, inscrita na área de Estudo de Processos Linguísticos, Linha de Pesquisa Estudo de Processos de Significação, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Linguística (PPGL), da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), sob orientação do professor Marcos Luiz Cumpri, assume a investigação do fenômeno comumente conhecido em Semântica por blending. Partimos da hipótese de que o blending não é uma categoria morfossintática nas línguas naturais, mas uma categoria de linguagem. O problema está em investigar porque, no processo de construção de enunciado, o sujeito enunciador “empacota”, semanticamente, numa única representação, o que seria mais de uma representação morfossintática. Pautamo-nos na Teoria das Operações Predicativas Enunciativas (TOPE) a fim de alcançarmos os seguintes objetivos: (i) revisar criticamente os fundamentos da concordância de número em Português brasileiro (doravante PB) preconizados pela gramática normativa; (ii) identificar os modos pelos quais a diversidade das línguas naturais marcaram seu funcionamento; (iii) mostrar que o blending resulta da organização e do funcionamento dos domínios nocionais e não das representações linguísticas em si. Na metodologia optamos pela reformulação de enunciados em famílias parafrásticas para acessarmos, pela dinâmica posta pelas articulações língua e linguagem e léxico e gramática, as operações que sustentam o blending e que permitem a recuperação do esquema de lexis para apreendermos de que forma as categorias gramaticais de aspecto, modalidade, determinação se anexam a esse esquema. O corpus se constitui de enunciados retirados de duas plataformas virtuais: a Sketch Engine cuja base de dados contém 600 (seiscentos) corpora, em 90 idiomas, à disposição de linguistas, lexicógrafos, tradutores, estudantes e professores; e, a Corpus Brasileiro que dispõe de uma coletânea de aproximadamente um bilhão de palavras em PB. Como conclusão temos que para uma abordagem operatória como a TOPE existe um nível mais profundo de análise do número que supera a oposição arbitrária e diacronicamente marcada entre singular e/plural) que se reverbera pelo fenômeno blending. Nesse nível, priorizam-se os reagrupamentos nocionais e as relações entre contínuo e descontínuo, quantidade e qualidade parte e todo, etc.