TRANSLINGUAR É UM PROBLEMA?: CRENÇAS NAS NARRATIVAS DOS PROFISSIONAIS EM UMA ESCOLA CAMPO, NA FRONTEIRA ENTRE BRASIL-BOLÍVIA
Translinguagem; Crenças; Narrativas; Identidade.
Este estudo tem como objetivo analisar as crenças expressas nas narrativas de profissionais de uma escola, localizada na fronteira entre Brasil e Bolívia, em relação às práticas translíngues dos estudantes dessa região, a fim de refletir sobre como essas crenças podem impactar suas identidades. Ancorada na área da Linguística Aplicada, apresentamos a teoria da Translinguagem, na perspectiva de Garcia e Li Wei (2014), Canagajarah (2011, 2013, 2017), entre outros autores, a fim de destacar a sua relevância no contexto estudado. Para a análise das narrativas, nos debruçamos nos conceitos de crenças no ensino e aprendizagem de línguas, de acordo com Barcelos (2004, 2006, 2007, 2015). O estudo abrange uma pesquisa bibliográfica e utiliza como metodologia a abordagem qualitativa e interpretativista, segundo Bogdan e Biklen (1994), Moita Lopes (1994) e Denzin e Lincoln (2006). Os instrumentos de coleta de dados foram a entrevista semiestruturada, gravadas em áudio, documentos da instituição e depoimentos da comunidade. Os resultados elucidam as crenças dos agentes da escola, que priorizam o monolinguismo no ambiente escolar, ignorando as práticas translíngues dos alunos fronteiriços. Proporcionam, assim, reflexões sobre o possível impacto de tais crenças na riqueza linguístico-cultural da região fronteiriça e na formação das identidades locais. Esperamos que esses resultados inspirem pesquisas sobre a diversidade linguística, em contextos de fronteira e provoquem a revisão nos documentos dessas escolas e o reconhecimento das práticas translíngues como elementos essenciais na formação identitária dessas comunidades.