O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS, A TRANSLINGUAGEM E OS DOCUMENTOS OFICIAIS: UMA ANÁLISE DA PERSPECTIVA DISCURSIVA
Análise de Discurso. Línguas Estrangeiras. Translinguagem. BNCC.
Esta tese liga-se à área de concentração Estudos de Processos Linguísticos, na linha de pesquisa Estudos dos Processos Discursivos, no Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL) Unemat, Cáceres, Mato Grosso. Apresenta-se como temática o ensino de línguas estrangeiras, a translinguagem e os documentos oficiais: uma análise da perspectiva discursiva, a fim de auxiliar na construção de saberes discursivos de professores e estudantes de línguas estrangeiras. Surgiu do interesse em compreender as discursividades materializadas nas práticas e, mais especificamente, como a materialidade da língua se desenvolve e faz sentido em condições de produç& atilde;o de práticas translíngues em sala de aula. Os procedimentos teóricos que a subsidiam no nível metodológico e analítico são os conceitos de discurso, efeitos de sentido, condições de produção advindos da Análise de Discurso Materialista considerando os estudos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi; da Pedagogia Translíngue com Zolin-Vesz, de polilinguismo e de polissemia com Eni Orlandi e multilinguismo, translinguagem com García, dentre outros. Pretende-se relatar, mapear, identificar, compreender e analisar práticas discursivas em movimento nas escolas. Espera-se contribuir para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas, visando o aprimoramento e o enfrentamento dos desafios contemporâneos de se ensinar línguas. O corpus será composto de entrevistas com estudantes e professores de língua estrangeira, e, também, po r parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no que se refere à língua estrangeira dos Ensinos Fundamental e Médio; das sete Constituições Brasileiras e das três Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), além da Lei n. 13.415/2017 que promove a substituição de língua estrangeira moderna por Língua Inglesa. Apresenta-se uma análise sobre as línguas estrangeiras estudadas e presentes no currículo de escolas brasileiras que mostram como a BNCC, ao colocar a Língua Inglesa como a língua estrangeira moderna oficial do Brasil, fomenta o apagamento das demais línguas, modificando, inclusive, a LDBEN que aponta línguas estrangeiras e não apenas Língua Inglesa como componente curricular. Conclui-se que os responsáveis pela educação no governo federal e os redatores da BNCC ao trocarem língua est rangeira por Língua Inglesa intensificam o monolinguismo, unificam um desfavor à educação brasileira e aprofundam ainda mais os estigmas existentes com relação às demais línguas, sejam elas as Espanhola, Francesa, por exemplo, e também outras como Baniwa, Talien, Pomerano, etc. que são cooficiais em municípios brasileiros e que podem ser ensinadas e estudadas como línguas estrangeiras. Neste sentido, as práticas translíngues, observadas em professores e estudantes da rede estadual de educação de Sinop, Mato Grosso, se configuram como práticas discursivas diárias compatíveis com o multilinguismo ou polilinguismo.