TRANSLINGUAR NO CONTEXTO ESCOLAR É UM PROBLEMA? CRENÇAS DOS AGENTES FRONTEIRIÇOS, EM UMA ESCOLA CAMPO EM VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE/MT
Translinguagem; Crenças; Fronteira; Identidade.
Este estudo tem como objetivo investigar as crenças dos agentes fronteiriços de uma escola campo, localizada em uma das fronteiras entre Brasil e Bolívia, em relação às práticas translíngues dos estudantes monolíngues, bilíngues e multilíngues, no contexto escolar e verificar em que medida tais crenças podem influenciar o processo de ensino e de aprendizagem desses alunos. Este estudo inscreve-se na área da Linguística Aplicada (LA) e é norteada teórico-metodologicamente pelo conceito de crenças no ensino e aprendizagem de línguas (Barcelos, 2004), tendo como pano de fundo a teoria da Translinguagem, baseada nas discussões de Garcia e Li Wei (2014). O estudo é de natureza qualitativa e se baseia em um estudo de caso que envolveu a observação da professora de Língua Portuguesa, das práticas de alunos e professores na escola e entrevistas realizadas com os agentes da escola, incluindo gestores, professores, alunos e pais brasileiros, alunos e pais bolivianos, além de depoimentos de agentes da comunidade. A história do município também foi registrada para ilustrar o contexto no qual a pesquisa foi realizada. Os resultados visam explicitar as crenças dos agentes da comunidade escolar sobre as práticas translíngues, em um contexto multilíngue, a fim de ilustrar como essas crenças podem reduzir a riqueza linguístico-cultural do ambiente de fronteira, afetando a expressão das identidades dos estudantes que vivem nessa região. Diante disso, espera-se promover pesquisas de intervenção voltadas às práticas linguísticas nas fronteiras, especificamente as práticas translíngues, considerando-as como um fenômeno constituinte das identidades desse povo fronteiriço.