SENTIDOS DE ENSINO JURÍDICO E LEITURA: OS DISCURSOS DA EFICIÊNCIA EM FUNCIONAMENTO NA/PELA LINGUAGEM
Língua; Forma-sujeito histórica; Pré-construídos; Ensino jurídico.
Esta tese, inscrita na área de concentração Estudo de Processos Linguísticos e na linha de pesquisa Estudo de Processos Discursivos, do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade do Estado de Mato Grosso (PPGL/Unemat), filiada à Análise de Discurso materialista, teoria que toma o discurso materializado na língua como o seu objeto de estudo, objetiva compreender o modo como, a partir dos discursos textualizados nos/pelos prefácios e apresentações de doutrinas e livros de Direito acerca de uma representação de língua, o ensino jurídico significa e é significado, e o modo como as suas práticas de leitura se instauram nesses processos. O corpus é composto por apresentações e prefácios, recortados de oito obras, de onde extraímos cada uma das sequências discursivas analisadas ao longo deste trabalho. Para a seleção de uma sequência e não de outra, como critério, elegemos a presença, nos enunciados, de dizeres sobre: a linguagem empregada, a escrita do texto e as habilidades didático-pedagógicas de seus autores. Em nossos gestos de análise, observamos que há, em funcionamento, nos materiais didáticos, discursos acerca de uma representação de língua idealizada, que é ao mesmo tempo clara e agradável e cujo uso é capaz de facilitar a aprendizagem. Esses discursos se relacionam constitutivamente com a forma-sujeito histórica capitalista que assujeita o sujeito, e, em razão de sua inscrição em uma rede de formações discursivas neoliberal, individualista e tecnicista, significam o ensino jurídico e as suas práticas de leitura, com fundamento e sob o viés da eficiência, firmando-a como o seu paradigma. Observamos, também, que nos dizeres sobre a linguagem, há, presentificado no intradiscurso, pré-construídos que ora sustentam a própria representação de língua proposta, justificando, como natural e unânime, a sua aplicação, ora retomam, pelos já-ditos, sentidos que consagram o tipo de linguagem, tradicionalmente adotada no ensino jurídico como inacessível, como uma prática a ser combatida.