MEMÓRIA DISCURSIVA DA LÍNGUA: O DISCURSO DA ESCRITA NA ESCOLA
Palavras-chave: Língua; Discurso; Escrita; Escola.
O estudo sobre a memória discursiva de língua considera o discurso da escrita na escola ao passar pelos deslocamentos de língua para discurso, compreendendo a forma-sujeito e a homogeneização da língua pela sua escrita. As políticas de ensino de língua portuguesa conduziram ao efeito de sentidos dissimulados pela oficialização da língua, desencadeando a memória dos sentidos e a reatualização dos discursos. A inscrição na memória social da língua portuguesa pelos contos de fadas e as suas condições de produção, produziram como o ensino de língua portuguesa, envolto pela evidência da obrigatoriedade de estudar, dissimula imposição do Estado sobre as políticas de dominação pela língua. O estudo linguístico proposto, filia-se à teoria da Análise do Discurso, operando com alguns conceitos discursivos, tais como o de discurso e interdiscurso, memória discursiva e narratividade ainda de paráfrase/polissemia, no que concerne ao funcionamento da repetição/diferença como um próprio da língua, a fim de analisar os efeitos de sentidos em sequências discursivas de versões de contos de fadas produzidas por alunos de escola estadual, o funcionamento do discurso da escrita pela inscrição do sujeito na memória da língua. O material de análise é constituído por sequências discursivas produzidas pelos alunos do ensino fundamental, do 7º e 8º anos, de uma escola estadual, situada na capital de Mato Grosso. Ao receber o excerto do primeiro parágrafo do conto O sapo, escrito numa folha, o aluno deveria continuá-lo considerando o início dado, sem que fosse feita leitura ou outra preparação específica para esta escrita. Dentre as produções realizadas, selecionou-se oito delas que pudessem mostrar possíveis regularidades quanto a memória discursiva da língua e o efeito de sentidos do discurso da escrita na escola. Estas produções mostraram que estas atividades de língua portuguesa em sala de aula atuam enquanto espaço para repetição e que a escola funciona como a um portal para o mundo da legitimidade/oficialidade evidenciada no/pelo discurso da escrita, conforme defendida pelas políticas de ensino de língua portuguesa do Estado. Desse modo, a escola ao mesmo tempo que promove o domínio da norma culta, produz uma falta para o sujeito aluno. Então, é pela possibilidade de poder propor o jogo polissêmico considerando a memória das línguas que se materializam nas produções escolares que este estudo espera contribuir/arejar o espaço discursivo das aulas de língua portuguesa.