A INATINGIBILIDADE DO DESEJO: CONSITUIÇÃO DO SUJEITO NA MATERIALIDADE FÍLMICO-SIGNIFICANTE
Palavras-chave: Cinema; Discurso; Sujeito; Desejo.
RESUMO
Entre a instalação e a consolidação do cinema enquanto arte, um longo processo de relacionamento entre sujeito e tecnologia, mutuamente constitutivos, se inscreve e continua a se inscrever. Assim, neste trabalho, refletimos sobre esse percurso ao analisarmos discursos sobre e do cinema, dessa maneira, dizeres vinculados à constituição cinematográfica, bem como um filme, tomado como produto final dessa abrangência processual que é o cinema. Filiados a Análise de Discurso (AD) de linha francesa e base materialista – área de concentração pertencente à linha de pesquisa Estudo de Processos Discursivos do Programa de Pós Graduação em Linguística da Universidade do Estado de Mato Grosso (PPGL/UNEMAT) – fundamentamo-nos na compreensão de discurso enquanto efeito, trazida por Pêcheux e ressignificada por Orlandi. A referida área teórica propõe depreensões tangentes ao sujeito, à linguagem sempre refletindo-os em relação à memória dos dizeres, afetando os discursos na atualidade e promovendo o acontecimento discursivo. Na AD, não há transparência na edificação nem nos dizeres (apresentados em diferentes tipologias) e nem daqueles que os formulam. Empreendemos, portanto, compreender a constituição do sujeito de desejo, com base na materialidade específica do filme, dando visibilidade a como o sujeito se diz através do verbal, do sonoro, do imagético a partir de um filme que versa a respeito da conexão dos sujeitos entre si, bem como com o Outro, amalgamado à tecnologia, numa projeção futurística em cena – passível de metaforizações de liames que engendram os sujeitos nos (des)conhecidos, urdidos na conjuntura social da atualidade. Mediante tal fundamentação teórica e materialidades analisadas, pudemos compreender que não há divisões estanques entre sujeito e tecnologia e que a questão do desejo a invade, enquanto lugar de deslocamento. A partir de nossas análises, foi possível compreender como a falta pode ser significada não somente na falha e na ausência presentes na língua, mas também na sua conjunção com o imagético e com o sonoro, em todas as técnicas a que cabem a sua produção pela máquina, na materialidade fílmico-significante.