A CONSTITUIÇÃO DOS SENTIDOS NA NOMEAÇÃO E RENOMEAÇÃO DOS QUILOMBOS E TERRAS QUILOMBOLAS DE MATO GROSSO
Nomeação. Quilombos mato-grossenses. Sentidos.
Esta pesquisa se vincula à Área de concentração denominada Estudo de Processos Linguísticos, do Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Linguística da Universidade do Estado de Mato Grosso, na linha de pesquisa Estudo de Processos de Significação. Nesse sentido, propusemos analisar a construção dos sentidos das nomeações dos espaços que particularizam os quilombos e as terras quilombolas de Mato Grosso. Ao tomarmos os nomes como objeto de estudo, nos filiamos a teoria Semântica do Acontecimento (2002) que considera que o acontecimento de nomeação se dá no espaço de enunciação em que a Língua Portuguesa se entrecruza com outras línguas. (1995, 2002, 2011, 2018), a construção dos sentidos das nomeações dos espaços que particularizam os quilombos e as terras quilombolas de Mato Grosso. Para analisar enunciativamente os nomes dos quilombos mato-grossenses, tomamos como material analítico um conjunto de textos, que compreendem documentos oficiais como anais, leis, relatórios de diligências, mapas, bem como materiais bibliográficos que contemplam a historiografia desses quilombos, considerando a relação integrativa do texto com outros já enunciados, para assim observarmos o movimento semântico dos nomes que vão tecendo os novos sentidos para os ‘espaços designados de quilombos’. Prioritariamente, buscamos mostrar a constituição das comunidades de quilombos que se formaram de modo étnico racial diferenciado, em que negros e índios resistiram e formaram comunidades quilombolas distintas das demais regiões do Brasil. Nessa direção, tomando como material analítico as Certidões de Auto-reconhecimento das Comunidades Remanescentes de Quilombos de Mato Grosso procuramos compreender como se constituiu o processo de nomeação das comunidades quilombolas de Mato Grosso. Observamos assim, que os nomes próprios são expostos permanentemente ao processo de renomeação, um nome é determinado antes de tudo pela representação da história construída pelas histórias do próprio nome, que determinam a semantização das designações constitutiva dos sentidos do nome, a partir das relações enunciativas construídas nas relações sócio-históricas dos sujeitos com a língua e o mundo.